Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...
Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...
Prostituição Feminina de Rua.pdf - Repositório Científico do Instituto ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Instituto</strong> Politécnico <strong>de</strong> Lisboa<br />
<strong>Prostituição</strong> <strong>Feminina</strong> <strong>de</strong> <strong>Rua</strong><br />
<strong>de</strong>sviantes pelos outros (Becker, 1963), que os homens e mulheres que se prostituem<br />
são excluí<strong>do</strong>s e rejeita<strong>do</strong>s por palavras, atos e comportamentos <strong>de</strong> evitamento.<br />
No enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Garaizabal (2004), as prostitutas que trabalham nas ruas são as<br />
mais estigmatizadas, uma vez que o facto <strong>de</strong> ocuparem <strong>de</strong> forma visível o espaço<br />
público impe<strong>de</strong> que sejam ignoradas, incomodan<strong>do</strong> a “socieda<strong>de</strong>”. A prostituição é vista<br />
como algo que <strong>de</strong>grada o bairro, trazen<strong>do</strong> violência e perversão.<br />
O ambiente relacional com muitas das pessoas que atravessam os territórios da<br />
prostituição <strong>de</strong> rua carateriza-se pela rejeição e pela ocorrência <strong>de</strong> agressões variadas.<br />
As prostitutas, encaradas como <strong>de</strong>sviantes, <strong>de</strong>senvolvem as suas ativida<strong>de</strong>s<br />
menos lícitas entre as populações socialmente integradas. Esta coabitação com o<br />
cidadão comum das zonas nobres da cida<strong>de</strong> constitui, então, o interface visível entre<br />
<strong>do</strong>is mun<strong>do</strong>s: o <strong>do</strong> excluí<strong>do</strong> e o da cida<strong>de</strong> <strong>do</strong>minante.<br />
Segun<strong>do</strong> Becker (1963) há cidadãos que preten<strong>de</strong>m a expulsão das pessoas que<br />
se prostituem como forma <strong>de</strong> rejeitar a <strong>de</strong>gradação, a droga, a <strong>de</strong>linquência, a<br />
incivilida<strong>de</strong> e a insegurança que associam a este grupo, mas, por outro la<strong>do</strong>, po<strong>de</strong><br />
também haver, por parte <strong>de</strong> comerciantes das zonas <strong>de</strong> prostituição, o sentimento <strong>de</strong> que<br />
as prostitutas na rua constituem importantes fatores <strong>de</strong> segurança, solidarizan<strong>do</strong>-se com<br />
elas e tornan<strong>do</strong>-se seus alia<strong>do</strong>s.<br />
O Ninho e os técnicos <strong>de</strong> acompanhamento sentem que existe também<br />
<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> estigma e preconceito da socieda<strong>de</strong> face à própria Associação e seus<br />
objetivos e aos próprios técnicos.<br />
“Quan<strong>do</strong> me perguntam on<strong>de</strong> é que trabalha, e eu digo trabalho n’O<br />
Ninho – e o que é O Ninho – e eu digo, trabalho com mulheres<br />
prostituídas, as pessoas ficam embaraçadas e ficam um bocadinho<br />
constrangidas e simultaneamente marginalizam um bocadinho, há<br />
outros que não […] há outras pessoas que acham que nós somos enfim<br />
uma pessoas que fazemos carida<strong>de</strong>, que andamos aqui a ajudar os<br />
coitadinhos e os pobres e até em vão, na medida em que as mulheres<br />
ganham muito dinheiro e estão lá porque querem” (Alexandra,<br />
Oficinas. 2012).<br />
Escola Superior <strong>de</strong> Educação Página | 31