Administração de Empresas em Revista - Unicuritiba
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Maria Henriqueta Sperandio Garcia Gimenes<br />
Assim, a cultura é corporificada, e estilos <strong>de</strong> vida são impressos<br />
<strong>em</strong> concepções estéticas do corpo, marcando, juntamente com o uso <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminados bens, a entrada ou permanência <strong>de</strong> um indivíduo <strong>em</strong> um<br />
<strong>de</strong>terminado grupo social. Isso faz com que o indivíduo termine por comunicar-se<br />
com os outros e com o próprio mundo por meio <strong>de</strong> seu próprio<br />
corpo e pela forma com que se veste, corta seu cabelo, seleciona e utiliza<br />
sua casa, seu mobiliário e seu carro. Há ainda outras escolhas, como as<br />
ativida<strong>de</strong>s que realiza <strong>em</strong> seus momentos <strong>de</strong> lazer e as próprias companhias<br />
que escolhe para esses momentos.<br />
Com a pesquisa realizada, perceberam-se algumas nuances do<br />
consumo <strong>de</strong> bares e casas noturnas que <strong>de</strong>stacam a estreita relação entre<br />
o consumo <strong>de</strong> fato e o consumo simbólico nesses espaços. Freqüentados<br />
nos momentos livres <strong>de</strong> obrigações laborais e/ou familiares, bares<br />
e casas noturnas possu<strong>em</strong> algumas peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> consumo que merec<strong>em</strong><br />
ser comentadas <strong>de</strong> maneira pormenorizada.<br />
Diferent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> um objeto que possa ser previamente avaliado<br />
<strong>em</strong> um ponto <strong>de</strong> venda, ser comprado ou consumido no próprio local <strong>de</strong><br />
residência, o consumo <strong>de</strong> bares, casas noturnas e similares se dá in loco.<br />
Isso pressupõe o <strong>de</strong>slocamento do indivíduo e a imersão <strong>em</strong> todo o contexto<br />
do bar ou da casa noturna, incluindo sua ambientação, <strong>de</strong>coração e<br />
convívio com os <strong>de</strong>mais freqüentadores. A prévia avaliação <strong>de</strong>sses espaços<br />
po<strong>de</strong> ocorrer apenas parcialmente, por meio da opinião <strong>de</strong> amigos ou<br />
<strong>de</strong> algum veículo <strong>de</strong> informação. Entretanto, o consumo só se efetiva simultaneamente<br />
ao processo <strong>de</strong> compra. Igualmente, <strong>de</strong>ve-se observar<br />
que freqüentar bares e casas noturnas pressupõe estar entre pessoas,<br />
mesmo que não se vá estabelecer contato com todos os presentes. Esse<br />
aspecto torna a freqüência a bares e casas noturnas, antes <strong>de</strong> mais nada,<br />
uma ativida<strong>de</strong> social.<br />
As motivações relacionadas com o consumo <strong>de</strong> bares e casas<br />
noturnas, <strong>em</strong> sua maioria, se mostram voltadas não apenas aos aspectos<br />
tangíveis, mas também aos aspectos simbólicos inerentes a esses estabelecimentos.<br />
Nesse sentido, consome-se não só a bebida e a comida,<br />
mas ainda, <strong>em</strong> um nível simbólico, a atmosfera criada nesse espaço, a<br />
diversão, o relaxamento e as relações que são ali entabuladas entre seus<br />
freqüentadores. Aspectos concretos como <strong>de</strong>coração, cardápio e som ambiente<br />
se un<strong>em</strong> aos estados <strong>de</strong> humor e às intenções dos freqüentadores<br />
para criar o “clima” do lugar, a “alma” da casa, o conjunto <strong>de</strong> atrativos que<br />
faz<strong>em</strong> com que <strong>de</strong>terminados estabelecimentos se torn<strong>em</strong> interessantes<br />
aos olhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados consumidores, evi<strong>de</strong>nciando assim, no processo<br />
<strong>de</strong> escolha, o exercício do gosto <strong>de</strong> cada um.<br />
Adm. <strong>de</strong> Emp. <strong>em</strong> <strong>Revista</strong>, Curitiba, n. 4, p. 55-75, 2005.<br />
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