Administração de Empresas em Revista - Unicuritiba
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Adm. <strong>de</strong> Emp. <strong>em</strong> <strong>Revista</strong>, Curitiba, n. 4, p. 55-75, 2005.<br />
Olhares Cont<strong>em</strong>porâneos sobre Consumo <strong>em</strong> Bares ...<br />
fora <strong>de</strong>stes ambientes. Um aspecto interessante é que muitos bares, restaurantes<br />
e casas noturnas, como observa ROLIM (1997) <strong>em</strong> sua pesquisa,<br />
ao ser<strong>em</strong> freqüentados com certa assiduida<strong>de</strong>, acabam sendo tomados<br />
como continuida<strong>de</strong> do lar <strong>de</strong> cada um, a segunda casa, consistindo<br />
<strong>em</strong> locais públicos que são tratados como espaços privados.<br />
A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer novas pessoas muitas vezes é<br />
alimentada pelo flerte, uma iniciativa <strong>de</strong> aproximação cujo principal objetivo<br />
é o envolvimento amoroso ou sensual, aspecto apontado por gran<strong>de</strong><br />
parte dos entrevistados que não possuíam na ocasião relacionamentos<br />
estáveis. Nota-se que muitas vezes a sedução se estabelece como<br />
um jogo estimulante propício para ser praticado nesses espaços, caracterizando-se<br />
como um gran<strong>de</strong> incentivo para a freqüência e permanência<br />
<strong>de</strong> pessoas s<strong>em</strong> relacionamento amoroso fixo <strong>em</strong> bares e casas<br />
noturnas.<br />
Deve-se observar que alguns entrevistados <strong>de</strong>clararam não conhecer<br />
novas pessoas justamente por centrar<strong>em</strong> suas atenções no próprio<br />
grupo <strong>de</strong> amigos com qu<strong>em</strong> freqüentam esses espaços, enquanto<br />
outros <strong>de</strong>clararam que, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do próprio humor e nível <strong>de</strong> cansaço,<br />
po<strong>de</strong>m se sentir mais à vonta<strong>de</strong> para estabelecer novos contatos.<br />
Três entrevistadas, no entanto, <strong>de</strong>clararam acreditar que a gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong><br />
para conhecer novas pessoas <strong>em</strong> Curitiba resi<strong>de</strong> justamente no<br />
comportamento distante e pouco receptivo que as mesmas atribu<strong>em</strong> aos<br />
curitibanos. Entretanto, mesmo os que <strong>de</strong>clararam não conhecer pessoas<br />
<strong>em</strong> bares e casas noturnas freqüentam estes estabelecimentos acompanhados,<br />
não ampliando seus contatos, mas vivenciando a sociabilida<strong>de</strong><br />
entre seus acompanhantes.<br />
Logicamente, por tratar-se <strong>de</strong> estabelecimentos <strong>de</strong> caráter comercial,<br />
<strong>de</strong>ve-se enfatizar que, <strong>em</strong>bora a sociabilida<strong>de</strong> estabeleça uma<br />
igualda<strong>de</strong> forjada entre os envolvidos <strong>de</strong>ixando t<strong>em</strong>porariamente<br />
suspensas as características objetivas <strong>de</strong> cada um, bares e casas noturnas<br />
continuam sendo espaços <strong>de</strong> lazer privados. Mesmo sendo o lazer<br />
resultado <strong>de</strong> uma livre escolha, ele também é marcado por condicionamentos<br />
socioeconômicos, aspecto este que, justamente por interferir no<br />
acesso a <strong>de</strong>terminados estabelecimentos comerciais e influenciar diretamente<br />
o perfil dos freqüentadores, <strong>de</strong>ve ser analisado <strong>de</strong> forma criteriosa<br />
durante a concepção dos <strong>em</strong>preendimentos <strong>em</strong> questão.