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Download PDF — Crônicas Vampirescas -02 – O Vampiro Lestat

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Mesmo assim, o som chegou. Ele brotava do instrumento e varava a noite<br />

como se fosse algo brilhante, diferente do ar, da luz e da matéria, que pudesse<br />

subir até as estrelas.<br />

Ele curvava-se sobre as cordas e eu quase podia vê-lo em minhas<br />

pálpebras, balançando-se para a frente e para trás, a cabeça arqueada sobre o<br />

violino como se quisesse transformar-se em música, e então desapareceu toda a<br />

sensação dele e ficou apenas o som.<br />

As longas notas vibrantes, os glissandos cortantes e o violino se<br />

expressando em sua própria linguagem, fazendo com que todas as outras formas<br />

de discurso parecessem falsas. No entanto, à medida que a música se aprofundava,<br />

tornava-se a própria essência do desespero, como se sua beleza fosse uma terrível<br />

coincidência, algo grotesco sem nenhuma partícula de verdade.<br />

Era nisso que ele acreditava, em que sempre acreditou quando eu falava e<br />

falava sobre a bondade? Estaria ele fazendo o violino dizer isso? Estaria criando<br />

deliberadamente aquelas notas longas, puras e transparentes para dizer que a<br />

beleza não significava nada porque vinha do desespero dentro dele e que afinal<br />

não tinha nada a ver com o desespero, porque o desespero não era belo e então a<br />

beleza não passava de uma horrível ironia?<br />

Eu não sabia a resposta. Mas o som o transcendera, como sempre o fizera.<br />

Ficou maior que o desespero. Entoou sem nenhum esforço uma melodia lenta,

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