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DRAMÁTICA NARRATIVA - Leia Brasil

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PROPOSTA DE LEITURA DE MUNDO ATRAVÉS DA <strong>NARRATIVA</strong> <strong>DRAMÁTICA</strong><br />

DRAMATURGIA<br />

das as peças – divide-se em três partes:<br />

a apresentação, o desenvolvimento<br />

e o desfecho.<br />

Na apresentação, que é o início<br />

da peça, expõe-se o tema ou o problema<br />

que será tratado. De forma<br />

simplificada, o protagonista explicita,<br />

ou nos deixa perceber, qual é o<br />

seu sonho ou desejo, assim como as<br />

razões, os meios e as possibilidades<br />

de que dispõe para realizá-lo. Ao<br />

mesmo tempo, é dado ao espectador<br />

saber quem é o antagonista, ou antagonistas,<br />

e as suas razões. Ficam,<br />

pois, apresentados o objeto da disputa<br />

e os contendores. Desse momento<br />

em diante, pode se acompanhar<br />

os desdobramentos do conflito – que é a segunda<br />

parte, ou etapa intermediária da estrutura, chamada desenvolvimento.<br />

No desenvolvimento, que é em geral a parte mais<br />

longa da narrativa dramática, ocorrem os conflitos e enfrentamentos<br />

entre protagonista e antagonista, que pode,<br />

ou não, envolver seus respectivos aliados – que se aliam,<br />

é claro, para também tentarem realizar seus próprios desejos<br />

e sonhos - utilizando seus ardis e as suas estratégias.<br />

Vencerá o mais forte, o mais habilidoso, o mais inteligente,<br />

o que tiver mais sorte. O imponderável, que pode<br />

determinar a vida dos homens, também pode determinar<br />

a vida das personagens. Como foi dito, será mais<br />

fecunda a dramaturgia que tendo um protagonista arrebatado<br />

e inteligente tenha igualmente um antagonista<br />

apaixonado e astucioso. Isso significa que, do ponto de<br />

vista do desenvolvimento, poderão se suceder cenas inesperadas,<br />

surpreendentes, mirabolantes e emocionantes.<br />

Algumas poderão ser “vencidas” pelo protagonista, com<br />

tal equilíbrio na disputa, outras pelo antagonista – de<br />

modo a manter sempre acesa a expectativa quanto à vitória<br />

final do desfecho.<br />

E, com o desfecho, chegamos ao final da peça – não<br />

ainda desse texto, mas também ele não tarda. Evidentemente,<br />

o desfecho é um ponto decisivo para a peça. Decisivo,<br />

sobretudo, porque são as suas últimas emoções,<br />

quase sempre as mais definidoras – a última impressão é<br />

a que costumamos guardar para sempre. Entre outros<br />

motivos, porque ela parece ser a razão e a motivação para<br />

Marcos Olvisi, Betina Viani e outros em A A A morta morta, morta de Oswald de Andrade. Programa Teatro Aberto.<br />

Acervo pessoal de Alcione Araújo.<br />

22<br />

se ter escrito, dirigido, produzido, ensaiado e exibido o<br />

espetáculo com essa história. E, por fim, pela conduta<br />

das personagens revela o que o autor pensa sobre a natureza<br />

e a condição humanas. O teatro, além de ser um<br />

meio de reproduzir e avaliar normas de comportamento,<br />

os valores do pacto de convivência ética e moral e da<br />

própria vida, é também um meio de se pensar o homem<br />

e a sociedade; é, enfim, um processo cognitivo. Daí a<br />

sua função e atributo de, pela concretude com que expõe<br />

o comportamento humano, ser mais eficaz do que<br />

meios mais abstratos para pensar as situações que envolvem<br />

o homem. Isso explica o caráter ético e moral de que<br />

se reveste o desfecho. Exemplifico: se, ao final de uma<br />

peça, o triunfante protagonista é o marido que espanca a<br />

esposa, poderá causar a repulsa dos espectadores. Da mesma<br />

maneira que se, ao final, quem acabar feliz for um<br />

tipo racista. Com tais desfechos, premia-se a perversidade,<br />

glamoriza-se o preconceito e legitima-se a injustiça – pelo<br />

menos no plano da própria obra. Isto não quer dizer, porém,<br />

que a vitória deva ser sempre do bem e dos bons –<br />

ainda que este possa ser o desejo do autor, não se trata de<br />

uma verdade humana e corre o risco de dar uma dimensão<br />

ingênua e idealizada às personagens.<br />

Como as pessoas reais, as personagens usam as palavras,<br />

e dialogam umas com as outras. Mas sabemos<br />

que as palavras dizem com alguma clareza o que pensamos,<br />

ou seja, o que se dá no nível da razão humana. As<br />

palavras são úteis para o entendimento racional, a compreensão<br />

da lógica de uma argumentação. Nesse senti-

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