DRAMÁTICA NARRATIVA - Leia Brasil
DRAMÁTICA NARRATIVA - Leia Brasil
DRAMÁTICA NARRATIVA - Leia Brasil
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
PROPOSTA DE LEITURA DE MUNDO ATRAVÉS DA <strong>NARRATIVA</strong> <strong>DRAMÁTICA</strong><br />
CENÁRIO<br />
O gás substituiu a iluminação à vela e azeite. Em<br />
1887, o teatro livre de Antoine (1858-1943), em Paris,<br />
procurava a verdade na decoração, fazendo parecer uma<br />
fonte de onde brotava água durante a representação.<br />
Antoine e Stanislawsky (1863-1938), influenciados pelo<br />
naturalismo, defendiam que o processo de criação da<br />
cenografia compreendia uma profunda observação do<br />
texto dramático. Através de pesquisa histórica e social,<br />
buscavam captar a essência do texto para serem autênticos<br />
e exatos. A estética se sucedeu, como as teorias; assim,<br />
vimos como o simbolismo necessitava de uma nova<br />
fórmula (1890): “A decoração deve ser uma pura ficção<br />
ornamental que complete a ilusão por suas analogias<br />
de cor e de linhas com o drama”.<br />
Ainda na época da modernidade, que vai do século<br />
XIX ao fim da II Guerra Mundial, Paul Fort fundou o<br />
Théâtre d’Art (1890), baseado no simbolismo em oposição<br />
ao naturalismo de Antoine e seu Théâtre-Libre (1887).<br />
Fort negava a cenografia de reprodução pictórica e propunha<br />
que ela despertasse a imaginação do espectador.<br />
O teatro simbolista deu primazia à palavra, afirmando<br />
que ela criava a cenografia e enfatizava a cor, como<br />
linguagem simbólica, a imaginação e a emoção.<br />
The Globe. Divulgação.<br />
56<br />
Em Paris em meados do século XIX, pintores como<br />
Maurice Denis e Odilón Redon aderiram a este princípio,<br />
e um homem de teatro como Lugné-Poé (1869-1940)<br />
oferecia seu talento às iniciativas do momento, verificava<br />
que a cenografia dependia das artes plásticas e condenava<br />
exageros, dizendo que as cenografias deviam sugerir<br />
e traduzir a atmosfera do espetáculo.<br />
Os ballets descobriam cenógrafos renomados. Na Alemanha<br />
trabalhava-se com entusiasmo sob as diretrizes de<br />
Max Reinhardt e de Stanislawsky, uma das figuras de vanguarda,<br />
diretor então do Teatro de Arte de Moscou.<br />
Em 1888, Adolphe Appia (1862-1928) exaltava a<br />
movimentação do ator em cena, encarando o corpo como<br />
volume no espaço cênico, onde a cenografia não atrapalhasse<br />
a coreografia da cena. Pesquisava e determinava<br />
uma reformulação da arquitetura cênica, abrindo novos<br />
caminhos para uma nova conceituação do espaço cênico<br />
propriamente dito.<br />
Na Inglaterra, Gorgon Craig (1872-1966) lutava para<br />
dar um estilo à cenografia, a fim de que não se confundisse<br />
com a realidade. Adepto ao simbolismo, discordava<br />
de Appia e valorizava o espetáculo como uma unidade,<br />
ao invés de privilegiar certos elementos e, em defesa<br />
da unidade e perfeição, delegava a uma só pessoa a concepção<br />
total do espetáculo.<br />
Durante o futurismo, a cena invadia a platéia;<br />
no expressionismo se buscava olhar além da superfície<br />
das coisas.<br />
Na vanguarda russa, a cenografia tornava-se uma<br />
obra abstrata, rejeitando as tendências figurativas e ressaltando<br />
a tridimensionalidade.<br />
Influenciado pelos pensamentos racionalistas, Moholy-Nagy<br />
(1895-1946), professor da Bauhaus, propunha<br />
o espetáculo como um conjunto mecânico em movimento,<br />
onde o homem deixava de ter o papel principal e<br />
passava a contribuir para criar o evento com a ação e não<br />
com a palavra. Uma outra visão do teatro foi a de Erwin<br />
Piscator (1893-1969), diretor alemão que desvinculava a<br />
palavra “arte” do espetáculo e criava um conceito onde<br />
o teatro se tornava veículo de propaganda e análise política<br />
e social.<br />
Segundo Georg Fuchs (1868-1949), o primeiro elemento<br />
do espetáculo era o “movimento rítmico do corpo<br />
humano no espaço”, cujo principal objetivo era causar<br />
emoção. Portanto, cabia à arquitetura teatral favorecer<br />
esse objetivo, unindo público e ator.