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DRAMÁTICA NARRATIVA - Leia Brasil

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REVISTA DE (IN) FORMAÇÃO PARA AGENTES DE LEITURA | ANO 6 | FASCÍCULO 19 | WWW.LEIABRASIL.ORG.BR | DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA<br />

PEÇA TEATRAL<br />

os vendedores eram negros escravos.<br />

15. A cena tem a intenção ilustrativa,<br />

sem diálogos e sem desdobramentos.<br />

Mostra o costume de vender<br />

o bolo a domicílio utilizando<br />

mão-de-obra escrava.<br />

16. A pergunta de Felício não esconde<br />

o tom de provocação tendo<br />

em vista que Negreiro é um traficante<br />

de negros que compra e vende<br />

no mercado brasileiro.<br />

17. Por esse tempo (1842) entrar na<br />

baía com navio carregado de negros<br />

já era passível de repressão,<br />

pois o tráfico fora proibido... “só um<br />

asno correria tal risco”, assegura<br />

o traficante de negros Negreiro.<br />

Mas acrescenta que na longa costa<br />

do <strong>Brasil</strong> há autoridades complacentes<br />

– a crítica à corrupção e<br />

à certeza da impunidade. Com a<br />

segurança que ostenta, Negreiro<br />

sabe se desvencilhar das perguntas<br />

– embora seja um fora da lei.<br />

18. Ao criticar as autoridades condescendentes,<br />

que se esquecem do<br />

seu dever, Felício começa a explicitar<br />

seu antagonismo com Negreiro.<br />

19. Na discussão estão claras as<br />

posições antagônicas de Negreiro<br />

e Felício. O primeiro é um corruptor<br />

e o segundo contra a corrupção.<br />

Os dois personagens são colocados<br />

em lados opostos, o bem e o<br />

mal. Os enfrentamentos entre eles,<br />

alternando, ora um, ora outro. O<br />

núcleo do conflito estará entre os<br />

dois. Aqui fica clara a apresentação<br />

do conflito e entre os dois antagonistas.<br />

20. Meia-cara: escravo contrabandeado<br />

para o país após a proibição<br />

do tráfico negreiro.<br />

21. O autor critica o tráfico de<br />

influência no poder e para obter<br />

algo que já era ilegal. Um ser humano<br />

é obtido através do tráfico<br />

de influências e passa a ser propriedade<br />

de Clemência.<br />

NEGREIRO (17)<br />

A um pobre diabo que está quase maluco... Mas é bem feito, para não ser tolo.<br />

Quem é que neste tempo manda entrar pela barra um navio com semelhante<br />

carregação? Só um pedaço de asno. Há por aí além uma costa tão longa e algumas<br />

autoridades tão condescendentes!...<br />

FELÍCIO<br />

Condescendentes porque se esquecem de seu dever! (18)<br />

NEGREIRO (19)<br />

Dever? Perdoe que lhe diga: ainda está muito moço... Ora, suponha que chega<br />

um navio carregado de africanos e deriva em uma dessas praias, e que o capitão<br />

vai dar disso parte ao juiz do lugar. O que há de este fazer, se for homem cordato<br />

e de juízo? Responder do modo seguinte: Sim senhor, Sr. capitão, pode contar<br />

com a minha proteção, contanto que V. S.ª... Não sei se me entende? Suponha<br />

agora que este juiz é um homem esturrado, destes que não sabem aonde têm a<br />

cara e que vivem no mundo por ver os outros viverem, e que ouvindo o capitão,<br />

responda-lhe com quatro pedras na mão: Não senhor, não consinto! Isto é uma<br />

infame infração da lei e o senhor insulta-me fazendo semelhante proposta! – E<br />

que depois deste aranzel de asneiras pega na pena e oficie ao Governo. O que lhe<br />

acontece? Responda.<br />

FELÍCIO (19)<br />

Acontece o ficar na conta de íntegro juiz e homem de bem.<br />

NEGREIRO (19)<br />

Engana-se; fica na conta de pobre, que é menos que pouca coisa. E, no entanto,<br />

vão os negrinhos para um depósito, a fim de serem ao depois distribuídos por<br />

aqueles de quem mais se depende, ou que têm maiores empenhos. Calemonos,<br />

porem, que isto vai longe.<br />

Tem razão! (Passeia pela sala.)<br />

94<br />

FELÍCIO (19)<br />

NEGREIRO, para Clemência<br />

Daqui a alguns anos mais falará de outro modo.<br />

CLEMÊNCIA (20)<br />

Deixe-o falar. A propósito, já lhe mostrei o meu meia-cara, que recebi ontem na<br />

Casa da Correção?<br />

Pois recebeu um?<br />

NEGREIRO<br />

CLEMÊNCIA (21)<br />

Recebi, sim. Empenhei-me com minha comadre, minha comadre empenhou

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