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DRAMÁTICA NARRATIVA - Leia Brasil

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P R O P O S T A D E L E I T U R A D E M U N D O A T R A V É S D A N A R R A T I V A D R A M Á T I C A<br />

não convencionais, permitindo uma criação cenográfica<br />

de acordo com as propostas cênicas de encenação.<br />

Em 1959, o diretor polonês Jerzy Grotowski fundava<br />

o teatro-laboratório e propunha um espaço teatral<br />

pequeno, onde pudesse acontecer a comunhão entre o<br />

ator e o espectador, negando assim o teatro das massas,<br />

o político e o entretenimento. Era fundamental um espaço<br />

que aproximasse fisicamente o ator do público. Ele<br />

também procurava sair do palco, dessa separação ação e<br />

público. Como também Ariane Mnouchkine, que buscava<br />

envolver o espectador em suas montagens em uma<br />

fábrica abandonada na França.<br />

Já na década de 60, René Allio e Roger Planchon,<br />

na França, coordenavam o criado teatro-laboratório, onde<br />

todas as ações podiam ser feitas e pesquisadas em uma<br />

sala montada com estruturas modulares que sofriam<br />

mutações e movimentos conforme uma ação ou sentimento,<br />

tudo integrado à proposta cênica do diretor, com<br />

objetivos de atingir à idéia da peça.<br />

Para alguns encenadores, era o palco italiano o<br />

que proporcionava todas as possibilidades para que<br />

pudessem criar e desenvolver suas criações teatrais. Um<br />

exemplo que pode ser citado é Bob Wilson, um encenador<br />

que se tornou o grande mestre de uma geração<br />

de encenadores modernos, e que usa com plenitude a<br />

caixa cênica para suas encenações. Diretores como<br />

Tadeuz Kantor e Giorgio Strheler, por meio de suas<br />

pesquisas vieram enriquecer a forma de representar no<br />

palco italiano. Entretanto, já Peter Brook, que por<br />

décadas fez uso da caixa cênica, vem nos últimos anos<br />

lutando, através de algumas propostas cênicas romper<br />

com o palco italiano.<br />

Dessa forma, os diretores e cenógrafos vão aos poucos,<br />

ao fazer uso de franca liberdade na concepção de<br />

seus espetáculos, rompendo a estrutura do palco italiano,<br />

redimensionando os espaços, e com isso a própria<br />

caixa cênica, quebrando a rigidez da tradição da estrutura<br />

italiana, utilizando-se de todos os recursos, de modo a<br />

permitir a existência de certo tipo de relação entre atores<br />

e público, para que haja uma união perfeita. Na verdade<br />

os teatros tradicionais nunca impediram a investigação<br />

teatral; e, no que diz respeito à encenação, a questão da<br />

arquitetura cênica não é primordial.<br />

Gordon Craig, Vsevolod Meyerhold, Luca Ronconi,<br />

Norman Bel Geddes, entre outros, vieram a somar<br />

nesta reformulação do espaço cênico, levando para<br />

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o palco italiano a comunhão, sem perder a dinâmica<br />

do espaço.<br />

Do mesmo modo, os grandes pólos culturais do<br />

mundo vêm sempre sofrendo com uma necessidade<br />

emergencial de reformulação de espaço com uma inspiração<br />

inquietante, sobretudo manifestada pelos novos<br />

diretores que surgiram, estabelecendo um impasse para<br />

a arquitetura tradicional, uma vez que necessitam de espaços<br />

polivalentes ou de palcos que possibilitem suas<br />

encenações.<br />

Em alguns casos, o palco italiano foi utilizado, não<br />

como solução, mas como casa que já tinha finalidade específica.<br />

Em outros, porém, a preferência voltou-se para<br />

lugares novos, alternativos, muitos sem recursos técnicos,<br />

mas que com sacrifício e condicionados pela realidade<br />

econômica, se entregaram a levantar e dar nome a salas,<br />

que apesar de não serem do conhecimento do público,<br />

foram adquirindo identidade própria. Surgiram assim vários<br />

espaços, que foram usados para encenação. Todos fizeram<br />

ou fazem, em sua época, um novo espaço.<br />

Como uma obra chega à cena<br />

Para representar uma obra deve-se partir desse pequeno<br />

ou grande mistério que se chama cenografia, e<br />

que é a caixa de surpresas do teatro; nela se realiza a fusão<br />

dos elementos que integram a obra dramática. A cenografia<br />

representa algo assim como o “nada” de onde<br />

há de sair o mundo da representação. O Deus criador é a<br />

obra; e a mão executora, os atores.<br />

Dependendo da proposta do diretor, uma mesa<br />

para a leitura da obra e umas cadeiras são agrupadas. A<br />

mesa é ocupada pelo autor (quando vivo), diretor, cenógrafo,<br />

figurinista e outros elementos da equipe, e os<br />

atores. Antes de ser lida a obra, os papéis, muitas das<br />

vezes já foram distribuídos; ou então são distribuídos<br />

durante o processo de ensaios, sempre dirigidos pela<br />

mão do diretor.<br />

Paralelamente, são realizados os trabalhos de cenografia,<br />

que se fazem mediante longas e constantes conversas<br />

entre o diretor e o cenógrafo, durante o processo<br />

de ensaio, até que cheguem a um recíproco entendimento<br />

e a uma compreensão estética, partindo sempre da<br />

proposta cênica da direção.<br />

O espetáculo não necessariamente será apresentado<br />

num teatro institucionalizado, poderá ser apresentado

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