13.05.2013 Views

DRAMÁTICA NARRATIVA - Leia Brasil

DRAMÁTICA NARRATIVA - Leia Brasil

DRAMÁTICA NARRATIVA - Leia Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

PROPOSTA DE LEITURA DE MUNDO ATRAVÉS DA <strong>NARRATIVA</strong> <strong>DRAMÁTICA</strong><br />

FIGURINO<br />

vros de história da Arte. O mesmo preceito vale para<br />

o figurino e para os adereços.<br />

Algo similar acontece na televisão. As imagens das<br />

personagens interpretadas são, constantemente, confundidas<br />

com as personalidades dos atores. É comum um<br />

ator-galã ser inconvenientemente assediado na rua, ou<br />

mesmo uma atriz ser vaiada no supermercado por conta<br />

da vilã que interpreta na novela. O comportamento e,<br />

por conseguinte, o que a personagem televisiva veste são<br />

freqüentemente tomados como modelos e incorporados<br />

no cotidiano. Neste caso, o figurino é um referente construído<br />

somente para atender ao programa televisivo e<br />

dificilmente pode servir como modelo para ser copiado<br />

em uma encenação teatral.<br />

Somente uma pesquisa atenta revela a forma correta<br />

de uso de um adereço, ou o significado de um<br />

costume. Na encenação, dá subsídios para a atuação e<br />

para as marcações cênicas. Sempre que possível, a vestimenta<br />

“de época” bem como qualquer outro tipo<br />

estranho aos nossos hábitos devem ser testados em<br />

cena, por meio de um simulacro durante o período de<br />

ensaios. De um modo geral, em qualquer montagem,<br />

a experimentação pode ser o ponto de partida para a<br />

criação. Ao improvisar um traje nos ensaios, o ator,<br />

além de demonstrar sua compreensão da personagem,<br />

ajuda a visualizar o potencial que pode ser explorado<br />

pelo figurino, ou as restrições que a atuação vai impor<br />

à sua execução.<br />

A pesquisa acerca do estilo de certo período histórico<br />

ou de outra cultura pode ser a fonte de inspiração<br />

para a estilização, que poderá resultar, por exemplo, na<br />

construção de uma silhueta de época com materiais alternativos.<br />

A figurinista e professora de indumentária Marie<br />

Louise Nery comenta:<br />

“(...) o estilo é a combinação, o conjunto das particularidades<br />

de uma época, a maneira de uso de um<br />

período; no entanto, fazer uma versão estilizada de<br />

roupas é selecionar certas características, simplificálas,<br />

podendo-se até economizar numa apresentação,<br />

considerar os símbolos de cores quentes ou frias,<br />

mas nunca empobrecer.” 13<br />

A intimidade com os referentes do tema de uma<br />

montagem dá liberdade para criar, alterar significados,<br />

reconstruir estruturas e reciclar materiais para a execução<br />

de figurinos, desde que dentro da linguagem esta-<br />

74<br />

Dulcina, num de seus elegantes figurinos. Cedoc / Funarte.<br />

belecida. É comprovado que a falta de recursos não é<br />

sinônimo de pobreza visual e que, dispondo de criatividade,<br />

experimentando materiais e técnicas alternativas<br />

de confecção, pode-se chegar a resultados, muitas<br />

vezes, mais surpreendentes do que a utilização de uma<br />

roupa convencional ou, no caso de um espetáculo de<br />

época, do que a reconstituição da moda do período.<br />

É importante considerar a recepção, pois podemos<br />

dispor de um elemento conhecido e alterar seu significado,<br />

ao colocá-lo em contexto diverso do habitual. Desta<br />

forma, um infinito leque de possibilidades é oferecido,<br />

em incontáveis associações. Em um espetáculo teatral,<br />

há a liberdade para a ressignificação de qualquer objeto,<br />

e isto faz parte do jogo teatral, na relação estabelecida<br />

com a platéia.<br />

Certa vez, fui convidado a criar o cenário e o figurino<br />

de um espetáculo infanto-juvenil. A trama se passava<br />

na idade média e era intenção do diretor que a<br />

visualidade fosse inspirada na estética do período. A<br />

estrutura da narrativa se baseava em uma personagem<br />

central, que contava a estória. Outros atores interpretavam<br />

diversos papéis e manipulavam bonecos, atrás de

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!