13.05.2013 Views

DRAMÁTICA NARRATIVA - Leia Brasil

DRAMÁTICA NARRATIVA - Leia Brasil

DRAMÁTICA NARRATIVA - Leia Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

PROPOSTA DE LEITURA DE MUNDO ATRAVÉS DA <strong>NARRATIVA</strong> <strong>DRAMÁTICA</strong><br />

DIREÇÃO<br />

que já estava antes comprometido com o espetáculo.<br />

É possível dizer que o primeiro diretor foi provavelmente<br />

um dos atores, talvez o dono da companhia,<br />

o líder da trupe, que orientava os outros na feitura<br />

do espetáculo.<br />

Depois, correspondendo a uma época em que o<br />

cenário ganhou extraordinária importância, o cenógrafo<br />

passou a exercer a função de organizador do espetáculo,<br />

conduzindo os atores para o uso do seu cenário, como<br />

antes os autores já os tinham conduzido para a perfeita<br />

expressão (para o “uso”) da sua peça.<br />

Enfim, esse cara faz o quê?<br />

Despojado das atribuições de iluminar o espetáculo,<br />

de orientar a reflexão teórica, de definir os movimentos<br />

dos atores e de outras mais, o que resta ao diretor?<br />

Faço duas observações sobre esse fenômeno.<br />

A primeira – admitindo que de fato todas essas subdivisões<br />

tenham acontecido – para dizer que é boa essa<br />

desmontagem, pois a partir dela pode-se chegar à essência<br />

do trabalho do diretor. Por natureza, o essencial do<br />

trabalho do diretor é impalpável, impreciso, mas nem<br />

Zygmunt Turkiw na direção, Nelson Rodrigues no texto e Santa Rosa na cenografia,<br />

nos ensaios de A A mulher mulher sem sem pecado pecado, pecado 1946. Cedoc / Funarte.<br />

30<br />

por isso menos importante. Ele é um poeta, como o autor.<br />

E enquanto o autor faz poesia com palavras, o diretor<br />

é o poeta da cena.<br />

A segunda observação. Alguns diretores ainda iluminam<br />

seus espetáculos, outros não trabalham com dramaturgistas,<br />

os diretores de movimento nem sempre são os<br />

responsáveis pela “coreografia” do espetáculo, mas pelo<br />

aperfeiçoamento técnico dos atores, em busca de um corpo<br />

melhor treinado.<br />

Mas, mesmo imaginando um diretor que delega essas<br />

e outras funções a colaboradores, ele está apenas contando<br />

com especialistas para construir o espetáculo de<br />

que é, afinal, o autor. O iluminador, o diretor de movimento<br />

etc. trabalham afinados com o diretor e têm os<br />

conhecimentos técnicos específicos para bem executar<br />

essas funções. Claro, é preciso ressalvar que a criação<br />

artística desses colaboradores é também valiosa, eles não<br />

são meros executores.<br />

A poética cênica, enfim, vale-se das possibilidades<br />

do palco para expressar o que a peça propõe. O encenador<br />

tenta inteirar-se profundamente da história que<br />

a peça conta, descobrir os seus significados, procurar as<br />

relações entre suas cenas e seus personagens, apreender<br />

Ziembinski, diretor e ator (1908-1978). Cedoc / Funarte.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!