DRAMÁTICA NARRATIVA - Leia Brasil
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P R O P O S T A D E L E I T U R A D E M U N D O A T R A V É S D A N A R R A T I V A D R A M Á T I C A<br />
olhar a quem nos dirigimos, de dividir com aqueles que<br />
nos ouvem o entendimento do que levamos meses aprendendo<br />
e estudando.<br />
Agora, um ponto importantíssimo: qual o personagem<br />
que me cabe nesta trama? Serei eu a princesa? A criada?<br />
O bandido? O mocinho? Ah, que maravilha o teatro!<br />
Como ele é generoso. Como ele nos ensina a nos despirmos<br />
dos preconceitos, dos julgamentos! Como ele nos<br />
ensina a aceitar e transformar! Principalmente aprender<br />
que você nunca recebe aquele personagem que você quer<br />
(Mas, a vida não é assim?). Recebe um outro, mas você<br />
deve representá-lo da melhor maneira possível, porque não<br />
há papéis pequenos, cada ator em cena é um protagonista<br />
de sua pequena participação. E se o personagem que nos<br />
cabe nos causa repulsa? Ah, então seremos obrigados a<br />
nos transformar. Nada de julgamento, vamos tentar entendê-lo<br />
para fazê-lo da melhor maneira possível em sua<br />
amplitude. Sem esquecer que existe sempre a liberdade de<br />
recusar e abandonar o jogo ou, ainda, manifestar o desejo<br />
da troca. Mas, uma coisa dadivosa a aprender é que, para<br />
não julgar, é preciso sempre nos colocarmos na pele deste<br />
personagem e entender porque ele age desta ou daquela<br />
maneira que nos causa mal-estar.<br />
E, finalmente, num certo dia recebemos o que merecemos,<br />
ou vamos em busca do que queremos. É preciso<br />
agir para ir adiante. Não esmorecer. Perseverar. Nada<br />
é mágico. Tudo é trabalho.<br />
Então, chegamos a um outro ponto importante no<br />
aprendizado desta profissão do ator. Para que repetir?<br />
Por que ensaiar? É muito comum aos leigos pensar que<br />
ensaiar é chato. Não é. Para o ator, o momento do ensaio<br />
é o momento da revelação. É, com toda a liberdade,<br />
aquele momento que cada um tem para errar, não saber,<br />
ter medo, encarar o vazio, jogar fora seus truques e muletas,<br />
zerar para começar tudo novamente; é justo naquele<br />
momento do ensaio, em que desprezamos a bagagem<br />
anterior e humildemente nos colocamos a serviço<br />
do novo, que pedimos ajuda aos outros, que compartilhamos<br />
nossas dúvidas e certezas no coletivo. É neste<br />
momento que se faz o milagre da criação. E aí começamos<br />
a dar vida à história que se vai contar. Então, pegamos<br />
aquelas palavras e improvisamos, jogamos, criamos.<br />
Vamos construindo as cenas e caminhando, e quando a<br />
gente se dá conta, está feito, está tudo ali. Assim: brincando,<br />
jogando, contracenando, criando, o espetáculo<br />
está pronto para ser dividido com aqueles que virão nos<br />
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Foto do cartaz da peça A A mulher mulher desiludida desiludida. desiludida Foto: Bruno Veiga.