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DRAMÁTICA NARRATIVA - Leia Brasil

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P R O P O S T A D E L E I T U R A D E M U N D O A T R A V É S D A N A R R A T I V A D R A M Á T I C A<br />

trazia a planta já pronta para o diretor e os atores. Ora, o<br />

espaço onde as cenas devem acontecer é tão importante<br />

que é impossível que não haja uma estreita colaboração<br />

entre diretor e cenógrafo. A gramática do espetáculo, seu<br />

estilo, as ênfases que o espetáculo dará a determinados<br />

aspectos do texto, tudo sugere a criação de um sistema.<br />

E na base dele estará o espaço cênico.<br />

O teatro realista viveu por muitos anos reproduzindo<br />

salas, quartos etc., em cenários que não por acaso<br />

justificaram que palavras sinônimas de cenário fossem<br />

decorado (em espanhol), décor (em francês) etc. Hoje,<br />

mesmo quando se monta Tchekhov, que Stanislavski praticamente<br />

definiu como padrão de realismo, quase nunca<br />

se usa um cenário realista, um cenário que reproduza<br />

a sala de jantar, o jardim, o quarto de Vania, os lugares<br />

da propriedade rural onde a história se passa. Montei há<br />

poucos anos essa peça no Parque Lage, no Rio de Janeiro,<br />

em uma área central do grande casarão, com cenário<br />

de Daniela Thomas, que se resumia a um grande tablado<br />

irregular e algumas cadeiras iguais.<br />

O teatro transferiu para o cinema, infinitamente mais<br />

rico de possibilidades realistas, a representação perfeita,<br />

fotográfica dos lugares reais. O cinema pode não só reproduzir<br />

um quarto e uma sala com perfeição de detalhes,<br />

como amplia as possibilidades do realismo na representação<br />

dramática, podendo reproduzir um navio<br />

em alto mar, ruas, aviões etc. Como conseqüência, o teatro<br />

fortaleceu seu compromisso com a ilusão, tornando-se<br />

ainda mais cúmplice da platéia. Pode propor ao<br />

espectador um espaço cênico que este tomará como uma<br />

representação do espaço real, uma fantasia, onde transcorre<br />

a ação. O espectador vira participante ativo do jogo<br />

da ilusão e não mais receptor passivo (como, enfim, no<br />

cinema). Renunciando às poucas possibilidades do realismo<br />

no palco, o teatro, em troca, ganha as infinitas<br />

possibilidades da imaginação.<br />

Fiz alguns espetáculos baseados em peças que também<br />

resultaram em filmes. Em O O Carteiro Carteiro e e o o poeta poeta, poeta<br />

de Antonio Skármeta, por exemplo, enquanto no cinema<br />

era possível mostrar toda a beleza da paisagem de Isla<br />

Negra, refúgio do poeta Pablo Neruda, personagem da<br />

peça, no nosso espetáculo tudo se passava em torno de<br />

uma grande janela, criada por José Dias1 . E, seguramen-<br />

1Autor do Texto O O C CCenário<br />

C enário T TTeatral,<br />

T eatral, uma uma breve breve evolução evolução, evolução para esta<br />

publicação. Ver nas páginas 52 à 65.<br />

37<br />

te, o potencial de comunicação e de sedução da história<br />

não se perdia.<br />

É, pois, preciso definir, ao menos em linhas gerais,<br />

a cenografia ou seu espaço de uso, depois dos ensaios de<br />

compreensão, para poder começar a exposição da peça,<br />

a construção do espetáculo.<br />

Aqui é importante fazer uma observação sobre as<br />

indicações do autor, já que habitualmente os textos teatrais<br />

começam com uma descrição do cenário.<br />

Uma peça teatral é composta de texto principal e<br />

texto secundário. Por texto principal entende-se tudo que<br />

o público conhecerá diretamente, com as palavras que o<br />

autor escreveu: os diálogos, sobretudo, e eventualmente<br />

alguma narração. O texto secundário são as indicações<br />

para os intérpretes, atores, diretor, cenógrafo etc. Um<br />

sumaríssimo modo de usar, enfim. E digo sumaríssimo<br />

porque se do texto teatral constassem todos os registros<br />

de tudo que é feito em cena depois do espetáculo pronto,<br />

o resultado seria uma publicação em vários tomos.<br />

Como já disse, esse texto secundário, muito freqüentemente,<br />

começa com a descrição do cenário, seguido de<br />

uma descrição dos personagens, suas idades, aparências,<br />

características psicológicas etc.; ao longo da peça, indicações<br />

várias: senta, levanta, chora, ri... Enfim, este é um<br />

texto que não se destina aos espectadores diretamente,<br />

Mostr Mostra Mostr a de de Esquetes Esquetes. Esquetes Arquivo O Tablado

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