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REGULAMENTO DO TRABALHO DA MONOGRAFIA - Universidade ...

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debates acirrados compostos de análises sociológicas e históricas da cidade com<br />

autoridades locais, Muniz apresenta o capelão como baluarte do discurso da<br />

modernização e da nova moral que deveria acompanhar os empreendimentos para uma<br />

Feira de Santana atualizada com padrões nacionais de produção e consumo. “Os modos<br />

de vida locais, a cultura do gado, a arte, a movimentação política juvenil é renegada e<br />

condenada por este símbolo da aplicação da ideologia que deu sustento ao regime<br />

militar”. 198<br />

Nas palavras de Muniz Sodré a modernização da cidade era um desejo de<br />

“velhos mandões udenistas” 199 possibilitada pela volta destes ao poder local através do<br />

golpe. O empreendimento da modernização é todo tempo relatado no texto, ganha força<br />

com a chegada do “Bicho” que faz um serviço de higienização social da oposição ao<br />

regime militar 200 , e os velhos udenistas se esforçam para, em sincronia com estes,<br />

modernizar a cidade. São criados planos, projetos, comissões como a de<br />

desenvolvimento industrial, obras são realizadas, o Tiro de Guerra torna-se sede de<br />

detenção e torturas dos atrasados que impediam a modernidade. Porém, na avaliação de<br />

Muniz Sodré, isso não passava de uma estratégia política de grupos dos poderes locais<br />

associados aos grupos nacionais. A síntese desta estratégia que envolvia um discurso e<br />

uma prática que seria modernizadora é o próprio capelão, “Um modernizador, o<br />

homem” 201 Esse foi o segundo “Bicho”, um modernizador, e seu projeto de<br />

modernização rápida que assustava uma cidade que se desenvolvia lentamente, pois o<br />

“progresso é rápido, e era irritante para o capelão a “lentidão com que pessoas agem e<br />

caminham em Feira de Santana”. 202<br />

Com a nova configuração política nacional, a UDN local no poder é atravessada<br />

por uma onda discursiva que tem também seus aspectos objetivados em uma prática de<br />

governos. Estamos nos referindo a alguns termos que ganham notoriedade cada vez<br />

maior pela sua capacidade de se popularizar no discurso político e se tornar algo<br />

Chico Pinto: Democracia e Ditadura em Feira de Santana, realizado pelo LABELU – UEFS, em Setembro<br />

de 2007. (DVD). Documentário “Chuvas de Março”.<br />

197<br />

Esta foi uma referência a seu pai. Ver: Entrevista com Muniz Sodré IN: A Pala Revista, n° 01, Feira<br />

de Santana: UEFS, 2011, p. 60.<br />

198<br />

PACHECO, Larissa Penelu Bitencourt. Trabalho e costumes de feirantes de alimentos: pequenos<br />

comerciantes e regulamentações do mercado em Feira de Santana (1960/1990). Feira de Santana, 2009.<br />

Dissertação (Mestrado). <strong>Universidade</strong> Estadual de Feira de Santana.<br />

199<br />

SODRÉ, Muniz. O bicho que chegou a Feira. Rio de Janeiro. Francisco Alves, 1994, p. 146.<br />

200<br />

Na gestão de Joselito Amorim, eram entregues relatórios “elucidativos” para o Comando<br />

Revolucionário. Joselito Amorim: O Prefeito da Revolução. Entrevista. Revista Panorama de Feira de<br />

Santana, n° 2,. Feira de Santana: Bahia Artes Gráficas, 1° de outubro de 1983, p. 20.<br />

201<br />

Idem, 58.<br />

202 Idem, Ibidem.<br />

55

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