REGULAMENTO DO TRABALHO DA MONOGRAFIA - Universidade ...
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As realizações de governo e a conjuntura propiciam certo prestígio e destaque<br />
para cidade e ao prefeito no cenário político nacional, que no governo de Durval, passa<br />
a receber visitas de prefeitos de outros Estados que se surpreendem com a modernização<br />
de Feira e a tomam como exemplo. 249<br />
O colunista do jornal Folha do Norte e Secretário de Educação Raymundo Pinto<br />
escrevia sobre o projeto modernizador em elogio a Durval, caracterizando-o como<br />
visionário quanto ao futuro da cidade. Observando-o, nos remetemos a Foucault quando<br />
afirma que “o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou sistemas de<br />
dominação, mas é aquilo pelo qual e com o qual se luta, é o próprio poder de que<br />
procuramos nos assenhorear” 250 . Buscava-se a consolidação de uma imagem do<br />
governo de Durval e da ditadura, onde conflitos sociais desapareciam do cotidiano para<br />
dar lugar a um ideal político já “realizado” e a partir daí, conquistar uma legitimidade<br />
dentro do ideal democrático 251 , mesmo governando em um regime ditatorial. Nas<br />
palavras de Miranda:<br />
Construía-se uma representação de cidade e de sua memória histórica como<br />
fundamentadora de um ideal político e social intermediado pelo presente - por<br />
isto a seleção de certos símbolos e omissão de certos aspectos, temas ou<br />
fatos. 252<br />
Porém, as novas forças políticas no campo do poder no governo local, estadual e<br />
nacional enfrentavam as oposições. Em Feira a oposição aparecia na forma do MDB<br />
dentro do campo político, em grupos que se organizava para a resistência armada, e<br />
mesmo a não recepção favorável ao governo de seus programas. O PCB teve a<br />
participação de militantes na Associação Feirense de Estudantes Secundaristas e<br />
sindicatos da cidade, e o MDB na oposição a ARENA são alguns exemplos 253 das<br />
249 Ver Folha do Norte 1969-1971.<br />
250 FOUCAULT, Michael. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciado em 2<br />
de dezembro de 1970. 3.ed. São Paulo: Loyola, 1996. p.1.<br />
251 João Durval é convidado assumir o poder municipal em 1964, não aceita por haver, segundo este, a<br />
necessidade de ser eleito. Jornal Noite e Dia, setembro de 2006, Caderno IV, Comemorativo de oito anos<br />
do Jornal Noite e Dia & PINTO (1971).<br />
252 MIRAN<strong>DA</strong>, Luciana de Oliveira. Em Busca da Memória: Praticas e Representações do<br />
Movimento Estudantil em Feira de Santana (1964-1969). Feira de Santana UEFS, 2001. p.10.<br />
253 Muitos dos relatos da atuação de grupos de esquerda na cidade foram pronunciados numa conversa<br />
entre pesquisadores do LABELU e Hosanah Leite, militante do PCB na época e exilado em 1968. Outros<br />
depoimentos, inclusive de Hosanah Leite e militantes de esquerda foram colhidos no Seminário: Chico<br />
Pinto, ditadura e em Feira e no Brasil, gravados em DVD e disponíveis em acervo do LABELU. É preciso<br />
observarmos que esta atuação da esquerda não é objeto desta pesquisa. Ver também: ZACHARIADES,<br />
Grimaldo Carneiro. (Org.) Ditadura Militar na Bahia: Novos Olhares, Novos Objetos, Novos Horizontes.<br />
Salvador: EDUFA, 2009. Em quase todos os artigos di livro, Feira de Santana aparece como local<br />
indicado por militantes de oposição ao regime, como espaço para resistência ou referência dessa.<br />
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