REGULAMENTO DO TRABALHO DA MONOGRAFIA - Universidade ...
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da Câmara Municipal de Feira de Santana que, quando perguntado se exercia naquele<br />
ou em outro momento atividades políticas, e respondeu que participou de um comitê<br />
estudantil em 1962, pró-candidatura de João Durval Carneiro, sendo que se afastou<br />
deste tipo de atividade quando em 1963 assumiu o cargo municipal, continuando até o<br />
ano de 1969 participando como militante de atividades políticas estudantis. 332 Foi<br />
ouvido ainda o Oficial de Gabinete do Prefeito de Feira de Santana, que não esteve<br />
presente na sessão da câmara, mas disse “que tais discursos segundo os comentários<br />
ouvidos tinham caráter subversivo” 333 . Em entrevista, Luciano Ribeiro afirmou que na<br />
passagem da ditadura, ele seus companheiros queriam “lutar contra o exército e contra<br />
todos com uma maquina de escrever e um mimeografo”, 334 continua dizendo que estes<br />
não usavam armas, a opção de seu grupo não era pela luta armada.<br />
O mais importante destes processos é que podemos identificar oposições ao<br />
governo e resistência ao regime, perseguições antidemocráticas e sujeitos que prestam<br />
testemunhos ligados diretamente ao governo de João Durval e a ARENA. Mas algo<br />
mais chamou nossa atenção no discurso de Luciano Ribeiro. Foi o trato dado à<br />
modernização da cidade, a necessidade de infra-estrutura para preparar o município para<br />
a industrialização, o elogio às organizações privadas de frações de classe como a do<br />
comércio e indústria, tudo isso media para nós como mesmo aquele que traz à tona a<br />
alocução mais radical de oposição ao governo de João Durval, não divirja de seu<br />
principal empreendimento enquanto gestor público, e ressalta que trabalhará para esta<br />
modernização da cidade, é neste momento onde o tom do discurso se torna mais ameno.<br />
Mais do que isso, identificamos nessa base do governo que testemunha e<br />
denunciam atos subversivos, os indícios de ligações entre civis e militares em Feira, a<br />
condenação destes sujeitos, eliminam as oposições mais emergente em prol de um<br />
projeto que se quer hegemônico e só pode ser efetivado em consonância com os<br />
gestores maiores do país. 335<br />
332<br />
30º SESSÃO <strong>DO</strong> CONSELHO PERMANETE DE JUSTIÇA PARA EXÉRCITO REFERENTE AO<br />
2º TRIMESTRE <strong>DO</strong> ANO DE 1970. PROCESSO Nº 22/69. Arquivo Edgard Leuenroth, Instituto de<br />
Filosofia e Ciências Humanas - IFICH.Fundo Brasil Nunca Mais no processo número 307-BNM –<br />
UNICAMP, p.V.<br />
333<br />
Inquirição de Testemunhas. 24 de abril de 1970. Arquivo Edgard Leuenroth, Instituto de Filosofia e<br />
Ciências Humanas - IFICH.Fundo Brasil Nunca Mais no processo número 307-BNM – UNICAMP.<br />
334<br />
Depoimento de Luciano Ribeiro, colhido em 22/11/1995. Disponível no CE<strong>DO</strong>C, UEFS. Classificado<br />
44.<br />
335<br />
Há uma lista bem maior de acusados de subversão, decidimos aqui preservá-la neste momento.<br />
Também decidimos não citar nomes em consonância com as orientações legais sobre uso de processos<br />
crimes e também optamos por não usar as iniciais de testemunhas de acusação. Alguns nomes que<br />
aparecem sendo acusados são em razão de já ser público o conhecimento do caso e seus nomes.<br />
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