Arminianismo e Metodismo – José Goncalves Salvador
Arminianismo e Metodismo – José Goncalves Salvador
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Uma prova da dedicação de Tiago e sua família para com os paroquianos e<br />
concidadãos, temo-la durante os terríveis dias em que mortífera praga se alastrou<br />
na cidade. Orando a Deus, sentiram que lhes pedia ficarem ali, ao invés de se<br />
afastarem do perigo. Escrevendo, nesta ocasião, ao seu amigo J. Uyttenbogaert,<br />
pastor da igreja de Haia, disse: “Assim eu tenho-me encomendado e a minha vida à<br />
misericórdia divina, aguardando, diariamente, até que a requeira de mim... e isto<br />
faço com a mente quieta, tranqüila e imperturbável.”<br />
Em circunstâncias tão difíceis, Tiago Armínio tornou-se um modelo de<br />
abnegação; onde houvesse uma ovelha para ser socorrida, lá se encontraria ele.<br />
Caspar Brandt, seu biógrafo, conta, a propósito, o seguinte caso: achando-se o<br />
pastor, certa vez, num distrito pobre, ouviu gemidos fracos, partidos do interior de<br />
humilde moradia. Entrou e viu algumas pessoas que pareciam dominadas pela<br />
enfermidade e pela sede. Depois de as socorrer, deixou recursos em dinheiro com<br />
os vizinhos para lhes manterem a assistência. Dava assim provas de bom<br />
samaritano.<br />
De outra feita, tratava-se de dois membros da Igreja: uma senhora e um<br />
varão. Atacados pela terrível peste, sentiam-se perturbados no espírito. Por quê?<br />
Indagou deles Armínio. Responderam-lhe que não tinham certeza da própria<br />
salvação. O pastor lhes falou, então, do grande amor de Deus, que mandou Seu<br />
Filho ao mundo para salvar a todos os pecadores, ilustrando o ensino com as<br />
Escrituras. “Credes isso? - pois essa é a fé pela qual somos justificados e achamos<br />
paz em Deus.” Os dois enfermos encontraram o conforto que anelavam, vindo o<br />
homem a falecer dias depois na maior tranqüilidade.<br />
A pestilência grassou por outras partes da Holanda, abrindo mais claros<br />
onde a guerra já os deixara grandes. Leiden foi atingida. A universidade perdeu<br />
alguns de seus mestres ilustres. E quem os substituiria? O nome de Armínio foi<br />
lembrado para uma das vagas, efetivando-se, de fato, a escolha dele, após ter<br />
percorrido os competentes trâmites legais.<br />
4. ARMÍNIO: MESTRE E POLEMISTA.<br />
Não era coisa fácil para Tiago Armínio deixar o seu rebanho. Amsterdã<br />
queria-lhe bem, estando ele já identificado com os habitantes. E, além disso, nunca<br />
aspirara a ser professor na Faculdade de Teologia. De outro lado, alguns colegas o<br />
consideravam elemento perigoso à formação das novas gerações de ministros.<br />
Franz Gomarus era o principal deles. Criticava-o e lançava suspeitas sobre<br />
suas crenças. Foi isso que levou Armínio a recusar o convite. As autoridades<br />
públicas de Amsterdã também não o queriam ceder, por julgarem sua presença<br />
necessária à cidade. Foi quando, para discutir o caso, reuniram-se em Haia<br />
delegados de várias igrejas. O Rev. Uyttenbogaert tomou a defesa de Tiago,<br />
passando, em conseqüência, a ser elemento suspeito para muitos. Não contentes,<br />
estes apelaram para o chefe da Província, João Oldenbornveldt, para que, por