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Arminianismo e Metodismo – José Goncalves Salvador

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Ainda que o arminianismo realce o valor humano, não devemos confundir<br />

seu ponto de vista com o do pelagianismo, pois ambos se distinguem não só quanto<br />

ao conceito do homem, mas, também, quanto ao do pecado e da graça divina.<br />

Pelágio ensinava que o pecado de Adão somente afetara a este, nascendo-lhe<br />

os filhos e, de igual modo, todos os demais descendentes, com idênticas<br />

possibilidades às que ele tivera antes de cair. A sua falta consistia, apenas, em mau<br />

exemplo para as gerações seguintes. Ninguém, portanto, nasce pecador, sendo<br />

verídico dizer-se que todos trazem consigo o dom da graça, ou seja: os meios inatos<br />

para atingir a salvação, caso se faça preciso. Aquele que cair, poderá reerguer-se<br />

por si mesmo. Deus já colocou à disposição de cada um os recursos para tanto.<br />

Pelágio, porém, concebia esses meios como disposições individuais e influências<br />

externas e não como auxílio pessoal de Deus, através do seu Espírito. Por exemplo:<br />

a leitura dos Evangelhos, a imitação do procedimento de Nosso Senhor, etc.<br />

Armínio aproximava-se mais de Agostinho e, em muitos pontos, era<br />

agostiniano, de fato. Não aceitava fosse o pecado de Adão só de conseqüência<br />

individual, pois afetara a natureza humana e envolvera toda a raça. Todos caíram<br />

em Adão. Agora, só pela graça de Deus pode o homem regenerar-se e obter a<br />

salvação. Sem ela tudo é impossível ao pecador. “Sem mim nada podeis,” dissera<br />

bem Jesus. Todavia, Armínio discordava tanto de Agostinho como de Calvino,<br />

quando negava ter o homem ficado reduzido pelo pecado à inatividade. Houve algo<br />

que o homem não perdeu. Ainda lhe resta a capacidade de responder à graça de<br />

Deus e aceitá-la ou recusá-la. Noutras palavras: ainda possui liberdade e volição e,<br />

assim, é responsável por suas decisões. O homem ainda pode dizer “sim” ou “não”<br />

ao seu Criador.<br />

Para Tiago Armínio a graça de Deus é a ação operante do Espírito divino<br />

junto ao homem. É dom gratuito e, como tal, não depende de qualquer mérito do<br />

homem. Deus a reparte a todos os Seus filhos. Admitia, contudo, que,<br />

excepcionalmente, alguém poderia deixar de recebê-la. Entretanto, nenhuma<br />

pessoa é forçada a aceitá-la. A graça celestial pode, sim, ser recusada pelo homem,<br />

segundo as seguintes passagens bíblicas: “E estais esquecidos da exortação que,<br />

como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem<br />

do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado” (Hb 12.5), e em Mt 23.37<br />

as significativas expressões do lamento de Cristo sobre Jerusalém: “Jerusalém,<br />

Jerusalém! que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! quantas<br />

vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo<br />

das asas, e vós não o quisestes!” Em Lc 7.30, lê-se: “Mas os fariseus e os intérpretes<br />

da lei rejeitaram, quanto a si mesmos, o desígnio de Deus, não tendo sido batizados<br />

por ele.” No conceito de Armínio a graça pode também ser resistida, conforme a<br />

defesa de Estevão perante o Sinédrio: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de<br />

coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo: assim como fizeram<br />

vossos pais, também vós o fazeis” (At 7.51). Igualmente, a graça de Deus pode ser<br />

recebida em vão, nos dizeres de Paulo: “E nós, na qualidade de cooperadores com<br />

ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus” (2Co 6.1).

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