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Arminianismo e Metodismo – José Goncalves Salvador

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3. O HOMEM NO CONCEITO DE TIAGO ARMÍNIO.<br />

O supralapsarianismo glorificava a Deus, anulando o homem: mas, quando<br />

Armínio se deteve a examinar melhor o problema, concluiu, com a Escritura, que a<br />

exaltação do Criador exigia a liberdade do homem. De Suas divinas mãos saíra um<br />

ser racional, feito, espiritualmente, à Sua semelhança, e não um autômato. Dotarao<br />

com a capacidade de escolha e opção; fê-lo responsável pela conseqüência dessa<br />

escolha; deu-lhe disposições para conhecer a Deus e gozar a vida eterna. Bênção ou<br />

maldição, e recompensa ou castigo são o fruto de suas decisões. Por isso diz a<br />

Escritura: “Aquele que quiser,” “aquele que crer,” “faze isto e vive,” e “sê fiel e darte-ei<br />

a coroa da vida.”<br />

Mas, admitida a predestinação absoluta, o livre-arbítrio torna-se impossível,<br />

porque a vontade já se acha determinada em seu exercício. Qualquer ordem dada<br />

ao homem, nestas condições, é contra-senso.<br />

4. O PROBLEMA DO PECADO.<br />

Se o homem quisesse, poderia manter-se no estado em que Deus o criara,<br />

mesmo em face da tentação. Era livre e tinha capacidade para Lhe obedecer.<br />

Todavia, agiu noutra direção, escolhendo, conscientemente, o mal, com o que se<br />

tornou pecador e, por isso, é responsável por sua falta. Só assim, realmente, o<br />

pecado é possível porque é desobediência voluntária. Daí a posição, claramente<br />

agostiniana, de Armínio, nesse sentido, quando fez suas as palavras do Bispo de<br />

Hipona: “Pecado é de tal modo um mal voluntário, que não pode ser de forma<br />

alguma pecado até que seja voluntário.”<br />

Se, porém, a queda estava predeterminada, e forçosamente se cumpriria, o<br />

pecado deixa de existir, pois não houve livre escolha. O homem agiu sob o impulso<br />

de uma força irresistível, que no caso era a vontade soberana de Deus. Não pecara,<br />

de fato, por si mesmo. A culpa recaia sobre Deus.<br />

Armínio estava longe de concordar com estas conclusões. Para ele o homem<br />

era responsável também pela transgressão, e o pecado, um fato irrelutavelmente<br />

real. Porque o homem era livre, pecara e, como pecador, merecia o castigo de sua<br />

má escolha. Deus podia chamá-lo a contas. Ninguém Lhe pode imputar suas<br />

próprias faltas. Cada um é senhor de seu destino. Aquele que se perde, perde-se por<br />

culpa sua.<br />

O arminianismo, enaltecendo o valor do homem sem diminuir o caráter de<br />

Deus, deu, então, à obra divina um cunho ético de que se ressentia o calvinismo.<br />

5. O DECRETO ETERNO DE DEUS.<br />

Tiago Armínio, o ilustre teólogo de Amsterdã, também esposava a idéia de<br />

um decreto divino, mas o concebia de maneira muito diversa dos calvinistas. Era

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