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Arminianismo e Metodismo – José Goncalves Salvador

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A partir de meados do século XVII o impacto do arminianismo sobre a<br />

teologia da Igreja Anglicana fazia-se sentir, por isso, com maior realce.<br />

Tendo permanecido fiel à teologia romanista até à ascensão de Eduardo VI, a<br />

Igreja da Inglaterra abraçou, a seguir, por algum tempo, o luteranismo, aderindo,<br />

afinal, ao calvinismo, para depois manter-se entre o protestantismo e o romanismo.<br />

Cannon diz bem do espírito anglicano, quando declara: “O anglicanismo foi um<br />

teto que agasalhou muitas opiniões.” 1 Não se devia estranhar que o arminianismo<br />

achasse lugar ao lado das demais concepções e costumes adotados pela referida<br />

Igreja; naturalmente à custa de reações e contratempos. Por exemplo, quando, em<br />

1595, Pedro Baro levantou a sua controvérsia, a oposição respondeu-lhe com os<br />

“Artigos de Lambeth,” fortemente calvinistas. Já o mesmo não aconteceu no<br />

reinado de James I, ao tempo de William Laud, bispo de Londres e arcebispo de<br />

Cantuária, a partir de 1633. Como líder dos anglicanos, moveu Laud tenaz<br />

campanha contra o calvinismo. Na discussão que, em 1622, sustentou contra o<br />

jesuíta Fisher, revelou suas inclinações para o arminianismo, dando à fé uma<br />

interpretação racional, de sorte a fazer do homem operante com Deus na obra de<br />

sua salvação. Tanto quanto lhe permitiam as funções episcopais, obteve que o rei<br />

Carlos I pusesse à frente das paróquias clérigos de tendências semelhantes às suas,<br />

mas tão arbitrários se tornaram os dois, por fim, e a tal ponto descontentaram<br />

principalmente os calvinistas, que estes, sob a direção de Oliver Cromwell,<br />

executaram a ambos e organizaram um governo republicano.<br />

É daí em diante que o arminianismo ganha terreno, absorvido, em parte,<br />

pelos anglo-católicos e, em parte, pelos latitudinarianos, assim chamados os<br />

primeiros por suas simpatias romanistas e os últimos, pela importância que davam<br />

à razão nas discussões religiosas.<br />

Os dois grupos pertenciam à Igreja Anglicana, um a High Church, o outro a<br />

Low Church, ou se quisermos: à Alta e à Baixa Igreja. Os latitudinarianos, embora<br />

protestantes mais ortodoxos, de modo algum, desejavam na Igreja, um calvinismo<br />

rígido e por isto, vieram a ser cognominados de “Arminianos de Cambridge.” Ao<br />

primeiro grupo pertenceram Hooker, Laud, Lancelot Andrews, e ao segundo, ao<br />

qual, até certo ponto se pode considerar arminiano, Lord Falkland, John Hales,<br />

Chilling Worth, Jeremias Taylor, Whichcote, Cudworth, Wilkins e outros, diversos<br />

dos quais filiados aos Platonistas de Cambridge.<br />

É importante lembrar, ainda, a posição que nessa mesma época tomou o<br />

puritano, dissidente, Richard Baxter (1615-1691), esforçando-se por conciliar o<br />

calvinismo e o arminianismo.<br />

O Bispo Burnet, em 1699, deu novo impulso às tendências arminianas,<br />

quando publicou sua obra “Exposição dos Trinta e Nove Artigos,” dedicada ao rei<br />

Guilherme III. Nela, ao interpretar o Artigo XVII, que tratava da Predestinação,<br />

deu-lhe sentido arminiano e lhe atribuiu igual validez ao calvinista. Quer dizer que<br />

1 Cannon, W. Ragsdale - The Theology of John Wesley - Abingdon, Cokesbury Press - New York,<br />

Nashville - Pág. 32.

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