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Arminianismo e Metodismo – José Goncalves Salvador

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tanto importava um quanto o outro. Ambos podiam ser aceitos. Havia lugar na<br />

Igreja para as duas posições.<br />

Já no século seguinte o reduto arminiano se apresenta na vanguarda. O<br />

quadro tem, agora, novo aspecto: os “Trinta e Nove Artigos” são, ainda, calvinistas,<br />

mas o clero anglicano, de modo geral, é arminiano em suas concepções. É bom<br />

lembrarmos deste fato, visto que o futuro organizador do metodismo viveu nesse<br />

século e fazia parte do ministério da igreja oficial (Anglicana). Os wesleyanos não<br />

seriam, pois, os únicos a abraçar o arminianismo. À mesma linha de pensamento se<br />

filiam os Batistas Gerais, da Inglaterra; os Quaquers; os Batistas Livres, dos<br />

Estados Unidos da América; os Representantes, da Holanda; a Igreja Presbiteriana<br />

Cumberland, dos EUA; e outros mais.<br />

O ARMINIANISMO NA FRANÇA<br />

Na França também o arminianismo repercutiu muito cedo, como bem<br />

comprova a posição tomada por alguns professores da Academia de Saumur, onde<br />

se ensinava, antes, a teologia de Calvino. A partir de 1633 contava essa faculdade<br />

em seu rol, diversos mestres notáveis, dentre os quais se destacavam Louis<br />

Capellus, Moysés Amyraldus e Josué Placaeus. Não se conformando eles com o<br />

calvinismo puro, adotaram ponto de vista medianeiro, entre a doutrina da Igreja<br />

Reformada e a dos arminianos, tornando-se conhecido por calvinismo universalista<br />

ou hipotético.<br />

Dois pontos eram fundamentais nesta nova concepção teológica: o da ação<br />

do Espírito divino e o da Graça. Entendiam os seus autores que Deus não agia<br />

coercitivamente sobre os sentimentos do homem, mas sim atuando,<br />

primeiramente, sobre o intelecto e, então, através deste, sobre a alma. O intelecto,<br />

uma vez esclarecido, é que levava a alma à regeneração. Deus era a causa primária<br />

da salvação. O homem, porém, tinha a sua parte; merecia certa consideração. O<br />

segundo ponto, referente à Graça, teve em Amyraldus o mais ardoroso defensor.<br />

Ensinava esse mestre da Academia de Saumur a interessante concepção da<br />

existência da Graça universal hipotética, que ele expressava na seguinte linguagem:<br />

há em Deus o desejo (velleitas, affectus) que todos se arrependam e sejam salvos<br />

(arminianismo), mas por um motivo qualquer a Graça não é cedida a todos<br />

(calvinismo). Para tanto Deus enviou Seu Filho ao mundo, mas as condições<br />

exigidas são um óbice a que todos participem da salvação. 2<br />

Há em Amyraldus um idealismo universalista ao lado de um particularismo<br />

calvinista acentuado. A salvação é universal apenas hipoteticamente, ao passo que<br />

o número dos salvos é limitado, porque nem todos recebem a Graça. Apesar disto o<br />

ilustre professor de Saumur teve que defender sua doutrina, considerada<br />

inconsistente com os padrões da magna assembléia de Dort, porquanto dois<br />

sínodos nacionais assim o entendiam.<br />

2 Hagenbach, Dr. K. R. - A History of Christ. Doctrines - Vol III: págs 108, 109.

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