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Arminianismo e Metodismo – José Goncalves Salvador

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presbítero na Igreja Anglicana, ainda que os Artigos permanecessem fiéis ao<br />

calvinismo original e a liturgia tivesse elementos romanistas, o clero tinha-se<br />

tornado, em geral, arminiano.” 3<br />

O certo é que, por volta de 1725, quando se decidira pelo ministério<br />

evangélico, dirigiu-se, em carta, à sua mãe, para dela indagar sobre a<br />

predestinação. Prova de que o problema se agitava em seu espírito. Num trecho,<br />

diz: “Se estivesse decretado infalivelmente desde a eternidade que certa parte da<br />

humanidade se salvaria e ninguém mais, e uma grande maioria nascesse para a<br />

morte eterna, sem mesmo a possibilidade de evitá-la, estaria isto de acordo com a<br />

justiça divina, ou a misericórdia? Será misericórdia prescrever a uma criatura a<br />

miséria eterna? Que Deus fosse o autor do pecado e da injustiça... é uma<br />

contradição das idéias mais claras que temos da natureza e perfeição divinas.” 4<br />

A resposta de Susana a João Wesley foi: “Essa doutrina, como mantida pelos<br />

calvinistas rígidos, é muito horripilante, e deve ser odiada, porque diretamente<br />

acusa ao Deus Altíssimo de ser o autor do pecado.” E acrescenta: “Penso que você<br />

raciocina bem contra ela, porque é inconsistente com a justiça e a bondade de Deus<br />

deixar alguém sob a necessidade física ou moral de cometer pecado e então puni-la<br />

por ele.” Ela assevera que “Deus tem uma eleição, mas é baseada na Sua<br />

presciência, e de modo alguma derroga (abole, anula) a livre graça de Deus, nem<br />

prejudica a liberdade do homem.”<br />

No conceito de Susana seria absurdo julgar que alguém determine o<br />

nascimento do sol só pelo simples fato de prever o seu reerguimento a cada manhã.<br />

Assim é com a presciência de Deus: Ele prevê a salvação de uns e a condenação de<br />

outros, mas não é a causa determinante de uma ou de outra. 5 Deus não condena e<br />

nem salva a quem quer que seja contra a sua própria vontade. Os eleitos são os que<br />

se voltam para Ele; os condenados são todos que O rejeitam.<br />

Samuel Wesley também repudiava a doutrina da eleição incondicional.<br />

Acreditava, como a esposa, que Deus por Sua presciência sabe de tudo que há de<br />

acontecer e conhece os que aceitarão Sua graça, mas, de modo algum, intervém na<br />

liberdade do homem.<br />

No Oráculo Ateniense, II, 101, escreveu: “Se Ele fizesse isso, a natureza do<br />

homem seria destruída, os propósitos de recompensas e castigos seriam irônicos, a<br />

pregação seria vã e vã, também, a fé.”<br />

E noutra parte, diz: “Deus fez o homem reto e agente livre. A presciência de<br />

Deus dirige a livre agência do homem, mas não a anula, salvando-o quando Ele<br />

queira ou não, ou condenando-o injustamente.” 6<br />

3 Brandt, Caspar - The Life of James Arminius - Trad. Por John Guthrie - Nashville, Tenn. - Pág. 15.<br />

4 Joy, James Richard - O Despertamento religioso de João Wesley - Imprensa Metodita - São Paulo -<br />

Pág. 38.<br />

5 Carta de 18 de agosto de 1725, in Teyerman - Life and Times of John Wesley, Vol. I, Pág. 40.<br />

6 Oráculo Ateniesne, I, 58, citado por Cannon, Op. Cit., pág. 46.

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