Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - Uem
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eescrita a atualização vocabular. Nessa reorganização os diálogos são substituídos<br />
pelo discurso indireto, com o qual cabe ao narrador apresentar o enredo, ação que<br />
realiza a partir da sua percepção.<br />
102<br />
A leitura é um processo <strong>de</strong> interação, que segundo Kleiman (1997),<br />
pesquisadora da abordag<strong>em</strong> cognitivo-processual da leitura, antecipa certa<br />
dificulda<strong>de</strong>, geralmente apontada, para a compreensão do material impresso, pois “o<br />
objeto a ser compreendido é complexo, (...) porque o objeto parece indistinto, com<br />
tantas e variadas dimensões que não sab<strong>em</strong>os por on<strong>de</strong> começar a apreendê-lo”<br />
(KLEIMAN, 1997, p 10).<br />
Portanto, para a compreensão do texto é necessário, como dito<br />
anteriormente, a utilização <strong>de</strong> conhecimentos do leitor, <strong>de</strong>nominado pela Estética da<br />
Recepção <strong>de</strong> repertório, fazendo da leitura um processo interativo, no qual a<br />
reprodução textual surge dos el<strong>em</strong>entos que as crianças têm <strong>em</strong> mãos, por ser o<br />
texto uma unida<strong>de</strong> s<strong>em</strong>ântica on<strong>de</strong> vários el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> significação são<br />
materializados por meio <strong>de</strong> categorias lexicais, sintáticas, s<strong>em</strong>ânticas e estruturais.<br />
No cenário <strong>de</strong> leitura, o leitor é guiado por princípios apresentados por autores que<br />
discut<strong>em</strong> a psicolingüística 27 .<br />
O primeiro <strong>de</strong>les, o princípio <strong>de</strong> parcimônia, é o princípio <strong>de</strong><br />
economia, no qual o leitor ten<strong>de</strong> a reduzir ao mínimo o número <strong>de</strong> personagens,<br />
objetos, processos, eventos <strong>de</strong>sse quadro mental que ele vai construindo a medida<br />
que vai lendo. O princípio <strong>de</strong> economia <strong>de</strong>termina várias regras: a primeira, regra <strong>de</strong><br />
recorrência, consiste no uso <strong>de</strong> repetições, substituições, pronominalizações, uso <strong>de</strong><br />
dêiticos e <strong>de</strong> frases <strong>de</strong>finidas. Já a segunda, regra da continuida<strong>de</strong> t<strong>em</strong>ática, regula<br />
os comportamentos automáticos, inconscientes do leitor na procura <strong>de</strong> ligações no<br />
texto. O segundo princípio, o <strong>de</strong> canonicida<strong>de</strong>, agrupa vários princípios sobre as<br />
nossas expectativas <strong>em</strong> relação à or<strong>de</strong>m natural no mundo, e sobre como essa<br />
or<strong>de</strong>m se reflete na linguag<strong>em</strong>. O terceiro, princípio <strong>de</strong> distância mínima, trata-se <strong>de</strong><br />
uma regra perceptual que diz que quando há mais <strong>de</strong> um possível antece<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />
um pronome ou <strong>de</strong> um dêitico, aquele mais próximo será interpretado como o<br />
antece<strong>de</strong>nte. O princípio <strong>de</strong> coerência diz que quando há interpretações conflitantes<br />
<strong>de</strong>v<strong>em</strong>os escolher aquela que torne o texto coerente. O quinto princípio, o da<br />
27 As idéias aqui discutidas estão pautadas nas obras <strong>de</strong> Mary Kato (1995) e Ângela Kleiman (1997).