Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - Uem
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epresentar o mercado da narrativa com o slogan <strong>de</strong> uma conhecida re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
supermercados, a criança marca sua leitura com as influências a que ela está<br />
exposta.<br />
175<br />
Jauss (1994) chama a atenção para a importância do diálogo entre<br />
obra e público, movimento que promove, segundo o teórico, um <strong>de</strong>bate que<br />
impulsiona a construção <strong>de</strong> significados sobre a obra literária. Assim, <strong>de</strong>saparece a<br />
“oposição entre aspectos históricos e aspectos estéticos, e po<strong>de</strong>rá restabelecer-se a<br />
ligação entre as obras do passado e a experiência literária <strong>de</strong> hoje” (JAUSS, 1994,<br />
p. 57-58), situação que permite a inclusão <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos da atualida<strong>de</strong> nos textos<br />
escritos <strong>em</strong> época distinta a da leitura, como é o caso do supermercado, retratado<br />
na recepção da criança.<br />
Outro <strong>de</strong>senho mostra Laurinha <strong>em</strong> meio a seus <strong>de</strong>vaneios. A<br />
criança caminha com o pote <strong>de</strong> leite na cabeça e ao lado <strong>de</strong>la está um balão, no<br />
qual estão representados todos os sonhos da menina: ovos, pintinhos, frangos,<br />
suínos e cédulas <strong>de</strong> dinheiro. Esse último it<strong>em</strong> apresenta a atualização <strong>de</strong> forma<br />
bastante clara, pois se na história o autor faz referência ao cruzeiro, moeda <strong>de</strong><br />
circulação na época, a criança <strong>de</strong>senha cédulas <strong>de</strong> real, atual moeda brasileira,<br />
inserindo inclusive <strong>de</strong>talhes das notas como o nome do Banco do Brasil e os<br />
símbolos <strong>de</strong> cada ex<strong>em</strong>plar, como <strong>de</strong>monstra o anexo E 15, dando <strong>de</strong>staque para os<br />
animais que simbolizam as cédulas. Aqui, o conteúdo literário é atualizado pelo<br />
próprio leitor, entida<strong>de</strong>, segundo Jauss, variável <strong>de</strong> acordo com sua experiência <strong>de</strong><br />
vida. Nesse caso, talvez crianças <strong>de</strong> meios econômicos <strong>de</strong>sfavorecidos não<br />
representass<strong>em</strong>, com tanta riqueza <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes, a materialização do dinheiro.<br />
A terceira ilustração sobre a fábula mostra a protagonista Laurinha,<br />
que cont<strong>em</strong>pla o pote <strong>de</strong> leite caído. Nessa figura, também há a avaliação da<br />
professora que escreve “maravilhoso”, marcando o diálogo existente entre o<br />
responsável pela reescrita e seu leitor, a professora (anexo E 16).<br />
O <strong>de</strong>senho seguinte mostra Larinha, após a queda, constatando, por<br />
meio <strong>de</strong> uma fala represada <strong>em</strong> um balão, a perda: “- Perdi tudo!”, novamente com<br />
clara referência ao universo dos quadrinhos, como aponta o anexo E 17.<br />
A última ilustração <strong>de</strong>sta fábula, <strong>em</strong> uma visão atualizada e<br />
mo<strong>de</strong>rna, mostra, como é possível ver no anexo E 18, uma caixa <strong>de</strong> leite,<br />
possivelmente longa-vida, sendo <strong>de</strong>rramada. O interessante é a influência da<br />
atualida<strong>de</strong> na leitura da criança, pois nada no texto faz referência ao recipiente <strong>de</strong>