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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - Uem

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perfil <strong>de</strong> aproximação, no qual <strong>de</strong>staca as dificulda<strong>de</strong>s da cigarra e a malda<strong>de</strong> da<br />

formiga. Em seguida, ao retomar o texto canônico “Já houve, entretanto, uma<br />

formiga má” (LOBATO, 1973 b, p.11), ação na qual, situa a história no continente<br />

Europeu, adota um perfil <strong>de</strong> distanciamento, marcado, principalmente, pela<br />

localização geográfica.<br />

112<br />

Nessa versão, a cigarra recorre à formiga e, à s<strong>em</strong>elhança dos<br />

textos originais, não é atendida. O texto termina com uma metáfora: “Os artistas –<br />

poetas, pintores, músicos - são as cigarras da humanida<strong>de</strong>” (LOBATO, 1973 b,<br />

p.12). Martha chama a atenção para a s<strong>em</strong>elhança entre texto original e versão<br />

adaptada:<br />

Assim, <strong>em</strong>bora o resultado <strong>de</strong>sta narrativa <strong>de</strong> Lobato seja<br />

s<strong>em</strong>elhante ao da fábula <strong>de</strong> La Fontaine, uma vez que a pobre<br />

cigarra t<strong>em</strong> o mesmo fim trágico, há entre essas narrativas uma<br />

profunda diferença no modo <strong>de</strong> narrar. Isto porque a focalização do<br />

narrador, francamente crítica <strong>em</strong> relação às atitu<strong>de</strong>s da formiga,<br />

acaba formando a opinião do leitor, levando-o a refletir sobre as<br />

relações humanas representadas na narrativa e adotando uma<br />

atitu<strong>de</strong> simpática à cigarra (MARTHA, 1999, p. 76)<br />

Em Reinações <strong>de</strong> Narizinho (1920) aparece, sob forma <strong>de</strong> paródia, a<br />

mesma t<strong>em</strong>ática, na qual a ironia e o humor, marcas da reescrita paródica,<br />

transparec<strong>em</strong> nas seguintes passagens:<br />

Em vez <strong>de</strong> sentir pieda<strong>de</strong>, a formiga fechou ainda mais a carranca e<br />

disse:<br />

- Errou <strong>de</strong> porta, minha cara. Isto aqui não é asilo <strong>de</strong> inválidos. Se<br />

está doente, vá para a casa <strong>de</strong> seu sogro. (...)<br />

A cigarra sorriu, certa <strong>de</strong> que a l<strong>em</strong>brança das suas passadas<br />

cantorias tinha amolecido o coração da formiga. Ah, ela não<br />

imaginava o que era o coração duma formiga coroca <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> mil<br />

anos! (LOBATO, 1973 e, p. 139)<br />

Os excertos apresentados, retirados da obra Reinações <strong>de</strong> Narizinho<br />

(1920), retomam a fábula A cigarra e a formiga. Nessa versão, há a presença <strong>de</strong><br />

el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> humor, propiciados pela paródia, como a recomendação <strong>de</strong> que a<br />

cigarra procure a casa do sogro, que aponta também para uma visão machista ao<br />

alegar a <strong>de</strong>pendência f<strong>em</strong>inina. Também é com humor que Lobato alu<strong>de</strong>, como<br />

atesta Martha (2001), à antiguida<strong>de</strong> da fábula ao <strong>de</strong>stacar a ida<strong>de</strong> da formiga: mais<br />

<strong>de</strong> dois mil anos.

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