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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - Uem

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necessário que haja um cuidado especial com esses instrumentos, caso contrário,<br />

textos e outras expressões culturais e artísticas tornam-se inacessíveis.<br />

Não há um conceito <strong>de</strong>finido e fechado sobre traduções. A princípio,<br />

a reescrita <strong>de</strong> um texto consistia <strong>em</strong> uma espécie <strong>de</strong> apropriação do texto-fonte,<br />

pois, segundo Nietzsche (1962 2 ), a transposição <strong>de</strong> uma obra para outra língua era<br />

uma prática apropriativa, uma vez que, ao se realizar a tradução, o tradutor<br />

substituía o nome do autor pelo seu próprio. Essa prática contribuía com a não<br />

preservação do passado e, conseqüent<strong>em</strong>ente, da própria história. Isso mostra que<br />

a concepção <strong>de</strong> tradução não é algo imutável. A mudança <strong>de</strong>ssa visão permite<br />

avaliar <strong>de</strong> modo diferente a tradução.<br />

O ato <strong>de</strong> traduzir é por alguns criticado e por outros valorizado.<br />

Juízos <strong>de</strong> valor à parte, é um recurso útil, por razão dos seres humanos falar<strong>em</strong><br />

línguas diferentes, pois permite uma maior aproximação entre povos e a<br />

recontextualização <strong>de</strong> narrativas.<br />

Benjamin (1923 3 ), <strong>em</strong> seu ensaio sobre A Tarefa – Renúncia do<br />

Tradutor, questiona ações do ato tradutório, pautado, principalmente, na<br />

comparação entre texto-fonte e texto traduzido, e afirma que a tradução não<br />

consegue oferecer um campo <strong>de</strong> significação perante o texto original. O crítico<br />

valoriza os textos originais e vê a tradução como gênero menor e t<strong>em</strong>porário, que<br />

aten<strong>de</strong> às necessida<strong>de</strong>s do público <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminado espaço t<strong>em</strong>poral.<br />

A tradução envolve, segundo discute Derrida (1987 4 ), <strong>em</strong> Torres <strong>de</strong><br />

Babel, uma dívida entre a obra original e sua versão traduzida, contraída pela<br />

necessida<strong>de</strong> da última <strong>em</strong> representar as verda<strong>de</strong>s contidas na primeira. Muitos<br />

teóricos afirmam que a verda<strong>de</strong>ira tradução <strong>de</strong>ve transmitir o significado exato do<br />

original. Contudo, é preciso consi<strong>de</strong>rar que a própria concepção <strong>de</strong> tradução se<br />

<strong>de</strong>para com a difícil tarefa <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação <strong>de</strong> seus próprios limites.<br />

Cada tradução <strong>de</strong> uma obra representa, a partir <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<br />

período da história, a língua nela retratada, recebendo também influências sofridas<br />

pelo tradutor do meio no qual ele está inserido. Por ser fruto do momento <strong>de</strong> sua<br />

concepção, não <strong>de</strong>ve servir <strong>de</strong> base para outras traduções, buscando ter s<strong>em</strong>pre o<br />

original como fonte para a realização <strong>de</strong> novas traduções.<br />

2 A edição brasileira utilizada foi publicada <strong>em</strong> 2001.<br />

3 A edição brasileira utilizada foi publicada <strong>em</strong> 2001.<br />

4 A edição brasileira utilizada foi publicada <strong>em</strong> 2002.<br />

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