Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - Uem
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3.2.13 O Cão e o Lobo<br />
146<br />
O texto, O cão e o lobo, é retratado por Esopo, Bábrio, Fedro e La<br />
Fontaine como O lobo e o cão. O primeiro <strong>de</strong>les, Esopo, mostra o cão preso <strong>em</strong> uma<br />
coleira e com farta comida à disposição. O lobo questiona a condição e rejeita a<br />
situação <strong>de</strong> clausura do canino.<br />
Bábrio esten<strong>de</strong> a narrativa, ampliação observada <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte<br />
das fábulas que têm, com o passar do t<strong>em</strong>po, a inclusão <strong>de</strong> novas informações. Tal<br />
ocorrência também é perceptível no texto <strong>de</strong> Fedro, que apresenta um maior número<br />
<strong>de</strong> dados que auxiliam na composição do quadro, além <strong>de</strong> direcionar a recepção do<br />
leitor, uma vez que expõe, claramente, as opiniões do narrador sobre a questão.<br />
La Fontaine altera a fala indireta, substituindo-a pela forma direta,<br />
intensificando a presença do diálogo, o esmiuçar das informações, como também<br />
insere traços <strong>de</strong> humor, presença marcante na fábula lobatiana, como <strong>de</strong>monstra o<br />
<strong>de</strong>sfecho <strong>de</strong> sua narrativa:<br />
Lôbo<br />
“Tanto val’que dos vossos banquetes<br />
Nada aceito, n<strong>em</strong> quero saber,<br />
Por tal preço não quero um tesouro”.<br />
Disse – e corre; e inda vai a correr (LA FONTAINE, 1957 a, p. 33).<br />
A tradução <strong>de</strong>sta passag<strong>em</strong> recebe versão mais atual na reescrita,<br />
realizada por Maria Letícia Gue<strong>de</strong>s Alcoforado, retirada da obra organizada por<br />
Dezotti (2003):<br />
- Amarrado! Disse o Lobo. Então você não corre<br />
Por on<strong>de</strong> quer? – N<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre! Mas que importa?<br />
- Importa tanto que todas as suas refeições<br />
Não quero <strong>de</strong> maneira nenhuma.<br />
E não <strong>de</strong>sejaria, a esse preço, um tesouro.<br />
Dito isso, o senhor Lobo fugiu, e está correndo até hoje (p. 162)<br />
Em Lobato, um lobo, magro e faminto, encontra um cão forte e b<strong>em</strong><br />
tratado. Os dois conversam e o lobo percebe vantagens na vida do cachorro, como<br />
alimentação e carinhos, e <strong>de</strong>svantagens, como a falta <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, optando, ao<br />
final, <strong>em</strong> continuar a viver <strong>em</strong> liberda<strong>de</strong>.