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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - Uem

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Ex<strong>em</strong>plos como o trecho retirado <strong>de</strong> Fábulas (1922) exig<strong>em</strong> que o<br />

leitor construa um segundo sentido, por meio <strong>de</strong> inferências acerca <strong>de</strong> afirmações<br />

superficiais e compl<strong>em</strong>ente o primeiro plano com conhecimento e reconhecimento<br />

<strong>de</strong> um contexto <strong>em</strong> fundo.<br />

Assim, é importante que o leitor compreenda a inserção <strong>de</strong><br />

el<strong>em</strong>entos dos clássicos infantis, como os utilizados no livro, para enten<strong>de</strong>r seu uso.<br />

Desse modo, Capinha Vermelha, ou Chapeuzinho Vermelho como é mais<br />

conhecida, Capitão Gancho e Peter Pan permit<strong>em</strong> dois avanços: tanto o resgate do<br />

clássico quanto o aprimoramento do instrumento <strong>de</strong> escrita mo<strong>de</strong>rna ao reescrever o<br />

passado, dando-lhe novo contexto e sentido.<br />

Isso reforça a hipótese levantada anteriormente <strong>de</strong> que a obra<br />

lobatiana represente um <strong>de</strong>sfile <strong>de</strong> personagens do cânone literário, sejam <strong>de</strong><br />

orig<strong>em</strong> mitológica, clássica, histórica ou folclórica, resgatadas, muitas vezes, pelo<br />

processo da paródia. As obras lobatianas, <strong>em</strong> especial a obra analisada pela<br />

pesquisa <strong>em</strong> questão, Fábulas, retoma fatos e personagens. No entanto, essa<br />

retomada é marcada pela diferença propiciada pela nova produção. Esse ex<strong>em</strong>plo<br />

<strong>de</strong>monstra<br />

uma via importante para que os artistas mo<strong>de</strong>rnos chegu<strong>em</strong> a acordo<br />

com o passado – através da recodificação irônica, ou, segundo o<br />

meu bizarro neologismo <strong>de</strong>scritivo, “transcontextualiz<strong>em</strong>”. Os seus<br />

antece<strong>de</strong>ntes históricos são as práticas clássicas e renascentistas da<br />

imitação, se b<strong>em</strong> que com maior ênfase na diferença e na distância<br />

do texto original ou conjunto <strong>de</strong> convenções. Dado que <strong>de</strong>fini a<br />

paródia como repetição com diferença (HUTCHEON, 1985, p.128,<br />

aspas da autora).<br />

A obra Fábulas marca b<strong>em</strong> a repetição, mas com diferença, uma vez<br />

que ao retomar as personagens clássicas o autor cria uma nova fábula, marcando a<br />

diferença na repetição dos clássicos.<br />

É essencial ter <strong>em</strong> mente que quando se classifica um texto como<br />

paródia, se postula alguma intenção codificadora. Todavia, o texto po<strong>de</strong> implicar o<br />

que lhe aprouver, e o leitor po<strong>de</strong> não apanhar, mesmo assim, a implicação. Por esta<br />

razão, talvez seja mais verda<strong>de</strong>iro para a experiência <strong>de</strong> leitura da paródia falar do<br />

codificador inferido e do processo <strong>de</strong> codificação. Mas essa manobra <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio não<br />

isenta ainda <strong>de</strong> ter <strong>de</strong> tratar do produtor textual da paródia, ainda que inferido como<br />

leitores.<br />

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