Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras - Uem
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faz-se s<strong>em</strong>pre presente durante a leitura, como possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
comparação. Esse terceiro fator inclui ainda a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o<br />
leitor perceber uma nova obra tanto a partir do horizonte mais restrito<br />
<strong>de</strong> sua expectativa literária, quanto do horizonte mais amplo <strong>de</strong> sua<br />
experiência <strong>de</strong> vida (JAUSS, 1994, p. 29-30).<br />
Portanto, além do perfil histórico, outras características, segundo<br />
Jauss, po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>linear o horizonte <strong>de</strong> expectativas, conhecimentos esses que<br />
po<strong>de</strong>m estar no interior do saber prévio do indivíduo, resultado da experiência<br />
literária e/ou <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> cada ser humano, ou ainda ser fruto da própria obra, que se<br />
encarrega <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar pistas para ser<strong>em</strong> utilizadas no processo <strong>de</strong> compreensão e<br />
que serv<strong>em</strong> <strong>de</strong> orientação, mas que po<strong>de</strong>m ser, segundo Jauss (1994), alteradas,<br />
corrigidas, transformadas ou apenas reproduzidas pelo leitor.<br />
A terceira tese é voltada para a reconstrução do horizonte <strong>de</strong><br />
expectativas que acontece por meio do confronto entre as diferenças levantadas na<br />
compreensão passada <strong>de</strong> uma obra literária e a compreensão presente, ou seja, é a<br />
medida entre os efeitos provocados pelo texto no momento <strong>de</strong> sua aparição e os<br />
efeitos provocados <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um intervalo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, ação que caracteriza o efeito<br />
<strong>de</strong> uma obra <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminado público.<br />
Outra idéia que surge a partir da convergência entre passado e<br />
presente é a <strong>de</strong> distância estética, situação <strong>em</strong> que ocorre o intermédio entre o<br />
horizonte <strong>de</strong> expectativas preexistente e a aparição <strong>de</strong> uma nova obra. A recepção<br />
<strong>de</strong>ssa obra po<strong>de</strong> acarretar a negação <strong>de</strong>ssas expectativas construídas ou abrir para<br />
a constituição <strong>de</strong> novas possibilida<strong>de</strong>s, ação que promove a mudança do horizonte<br />
<strong>de</strong> expectativas primeiro.<br />
Portanto, a relação primeira da obra com seu público é, segundo<br />
Jauss, um importante <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> seu valor estético. Isso porque<br />
a distância entre o horizonte <strong>de</strong> expectativa e a obra, entre o já<br />
conhecido da estética anterior e a ‘mudança <strong>de</strong> horizonte’ exigida<br />
pela acolhida à nova obra, <strong>de</strong>termina, do ponto <strong>de</strong> vista da estética<br />
da recepção, o caráter artístico <strong>de</strong> uma obra literária (JAUSS, 1994,<br />
p. 31, aspas do autor).<br />
Conforme ocorre a diminuição da distância entre o horizonte <strong>de</strong><br />
expectativa e a obra, essa última per<strong>de</strong> seu valor literário. Quando o texto literário<br />
não alcança mudanças no horizonte <strong>de</strong> expectativas <strong>de</strong> seu leitor e aten<strong>de</strong><br />
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