FUNDAÇÀO GETULIO VARGAS DE OLHO NA ETERNIDADE: a ...
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caminhar para algo moderno, sempre maleável, ou para usar o termo de Bauman 2 ,<br />
fluido. Essa possibilidade de misturar e adaptar os conceitos para um determinado uso<br />
momentâneo com certeza traz maiores opções e liberdade; entretanto, a insegurança<br />
também aumenta na mesma proporção, pois essa maneira atual de pensar o mundo<br />
cria frágeis conceitos. Talvez por esse motivo, percebemos a necessidade premente de<br />
afirmação da identidade, de determinar as pequenas diferenças entre os grupos<br />
tangentes, mas de estruturar a cultura do país como a mais ampla possível. Porque<br />
mesmo com toda a liberdade benfazeja, todos querem se sentir fazendo parte de algo<br />
coeso, estruturado, por mais “modular” que seja essa estrutura.<br />
Com todas as potencialidades que nos cercam, esse trabalho não é estanque,<br />
pretende-se um eterno gerúndio para ir atualizando os conceitos e definindo que os<br />
arquivos pessoais estão ganhando terreno neste momento que está acontecendo<br />
(flexões verbais intencionais). A minha experiência em mais de dez anos de trabalho<br />
em arquivos privados pessoais me faz perceber que eles são objeto de pesquisas<br />
atuais, livros os mais diversos, temas de números de revistas e congressos<br />
internacionais, disciplinas em faculdades e que por tudo isso podem se ver finalmente<br />
reconhecidos pela comunidade acadêmica.<br />
Outro fato interessante é que nunca vi tantas instituições sendo criadas para<br />
manter um acervo. Para citar poucos, o Instituto Moreira Salles nasceu em 1990, o<br />
Instituto Antonio Carlos Jobim foi criado há cinco anos, o Tempo Glauber teve sede<br />
há seis anos e vejo ainda a criação de outros centros parecidos assim como<br />
preocupação crescente de artistas em garantir, sim, seus direitos autorais, mas, mais<br />
que isso, divulgar suas obras ao maior número de pessoas possível que se<br />
interessarem.<br />
A importância de acervos pessoais demonstra uma necessidade que urge<br />
solução: fontes de pesquisa tão delicadas e raras não podem continuar à mercê do<br />
descaso público (tanto institucional quanto acadêmico). Essa “matéria-prima” precisa<br />
ser lapidada. Para isso, é necessário que as instituições agilizem o processo de<br />
identificação e organização de seus acervos, e que os pesquisadores, ávidos por fatos<br />
inéditos e abordagens novas, “garimpem” os acervos privados pessoais.<br />
A riqueza das fontes primárias pode e deve ser melhor aproveitada.<br />
2 Defendido em alguns de seus livros, mas principalmente, no Modernidade líquida.<br />
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