FUNDAÇÀO GETULIO VARGAS DE OLHO NA ETERNIDADE: a ...
FUNDAÇÀO GETULIO VARGAS DE OLHO NA ETERNIDADE: a ...
FUNDAÇÀO GETULIO VARGAS DE OLHO NA ETERNIDADE: a ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O estudo e sobretudo a escrita de biografias passou por altos e baixos através<br />
do tempo. Eis, grosso modo, as três fases delineadas por Daniel Madelénat 4 : 1)<br />
clássica, da Antiguidade até o século XVIII, praticada, principalmente, pelos gregos;<br />
2) romântica, do século XIX ao início do século XX; e 3) moderna, a partir<br />
principalmente da década de 1970, relacionada à Psicanálise, Ética e História.<br />
O movimento ocorrido a partir do Renascimento, transformou as formas<br />
medievais de relacionamento interpessoal, econômico e político. Mais ainda, a partir<br />
do século XVIII, com o progressivo avanço das chamadas sociedades individualistas,<br />
tornou-se possível a constituição de “arquivos”, também pela acumulação dos<br />
“homens comuns”. O indivíduo passou a se perceber como célula de uma sociedade<br />
complexa, mas como célula única, podendo sua memória ser interessante para si e<br />
para os outros.<br />
Devido à necessidade de, no século XIX, estabelecerem-se e/ou firmarem-se<br />
conceitos que justificassem a nação e o governo, e grandes feitos de homens<br />
públicos, as “idiossincrasias pessoais” 5 desapareceram e acabaram produzindo uma<br />
derrocada pelo interesse na biografia. Como irá ressaltar Sabina Loriga, não parecia<br />
óbvio que o “destino individual dos homens ilustres permitia compreender as escolhas<br />
de uma nação” (LORIGA, 1998, p.229). Mas essa situação se altera e, com o passar<br />
do tempo, as mudanças da historiografia, sobretudo a partir do fim dos anos 1970,<br />
produzem uma “nova História”, com destaques para o olhar individualizado e todos os<br />
olhares possíveis dentro de um mesmo fato.<br />
Em 1985, o assunto biografia mereceu um congresso na Sorbonne, mas,<br />
mesmo assim, foi admitida apenas como “uma modesta ferramenta, que ajuda a<br />
melhor observar ou a ilustrar as tendências longas, as estruturas, as forças de peso; em<br />
hipótese alguma ela poderia pretender tornar-se uma alavanca intelectual” 6 .<br />
Entretanto, a atenção que faltou aos historiadores sempre foi dada pela<br />
Literatura, que manteve o interesse na “história de vida” 7 , mesmo sendo ainda dos<br />
“grandes homens”. Talvez, vindo por esse caminho, seja plausível entender a<br />
4<br />
Informação transcrita por Vavy Borges encontrada em MA<strong>DE</strong>LENÁT, Daniel. La biographie. Paris:<br />
PUF, 1984.<br />
5<br />
BUCKLE, Henry T. History of civilization in England. (London, 1857-61) apud LORIGA, 1998,<br />
p.231).<br />
6<br />
BONIN, Hubert. “La biographie peut-elle jouer un rôle en histoire économique contemporaine?” apud<br />
LORIGA, 1998, p. 227.<br />
7<br />
Termo adquirido da Sociologia.<br />
20