FUNDAÇÀO GETULIO VARGAS DE OLHO NA ETERNIDADE: a ...
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foi o Rudolf Hermanny, irmão da Thereza. Essa música se perdeu, virou mesmo uma<br />
lenda” 28 . Devido a essa insistência de Radamés, “pra escrever o primeiro arranjo eu<br />
quase morri! Fiz um arranjo, depois fiz outro. O Radamés ajudou muito” (Acervo<br />
ACJ, K7-147).<br />
Embora domada mais tarde, a timidez ainda estava presente quando, num<br />
show intimista, em Belo Horizonte, em 1984, ele fala que<br />
eu tava muito nervoso porque eu não sou muito de fazer show. Quem me levou<br />
pra fazer essa coisa de show foi o Vinicius mais o Toquinho e a Miúcha. E foi<br />
aquele show escorado em amigos, parceiros, orquestra grande… Mas nós<br />
preferimos fazer algo mais íntimo mesmo. A gente não pode continuar sendo<br />
aquele garoto tímido a vida toda, né? A gente tem que se dar um pouco mais,<br />
chegar mais perto do público, sem aquela armadura toda. (JOBIM, Tom em<br />
Minas, 2004)<br />
Provavelmente, nenhum autor conseguiria explicar, em palavras, como se dá<br />
seu processo de criação. Tom também não se julgava capaz dessa descrição: “vem de<br />
um jeito, depois fica de outro [...] e, de repente, tá lá um troço que faz sentido”.<br />
(Acervo ACJ, E14). Tom sempre lembrava a frase de Stravinsky “a composição é<br />
feita de 5% de inspiração e 95% de transpiração”. Mas constatar a dificuldade no<br />
processo de transpor para algum registro material uma idéia não é prerrogativa dos<br />
músicos. Todas as tentativas de concretizar um pensamento são sofridas e solitárias,<br />
pois, quase sempre intermináveis, são freqüentemente vãs — mesmo após todo o<br />
esforço mental, a frase não combina com o pensamento original.<br />
Tom reclamou, na mesma entrevista a Roberto D´Ávila, que tudo tolhia seu<br />
pensamento — também o teclado o prendia e o fato de ser canhoto. E que por ter essa<br />
“estranheza”, julgava sua habilidade musical prejudicada, não conseguindo muitas<br />
vezes expressar exatamente o que ouvia dentro de si. Ou melhor, o que via, pois<br />
como ele tentou descrever, num grande esforço, seu processo de criação tentava<br />
transformar “em passado uma imagem da minha cabeça. Aquilo fica estático. Você<br />
morre, eu morro, e aquilo fica”. Como era “um perfeccionista, e sempre me choquei<br />
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Depois dessa, a partitura “Lenda” só foi executada em 8 e 9 de dezembro de 2001, no show Jobim<br />
Sinfônico. Esse show foi o resultado do resgate de vários arranjos originais no acervo de Tom por seu<br />
filho Paulo Jobim e o músico Mario Adnet. Esse show resultou em CD e DVD gravados ao vivo.<br />
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