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FUNDAÇÀO GETULIO VARGAS DE OLHO NA ETERNIDADE: a ...

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na fundação que leva seu nome (Fundar, no bairro de Santa Teresa), possui 80.000<br />

documentos, incluindo aqueles também nomeados de meta-arquivo.<br />

A preocupação com a organização do próprio arquivo aparece também no<br />

fundo Luiz Camillo de Oliveira Neto, depositado no Arquivo-Museu de Literatura<br />

Brasileira 38 , e minunciosamente estudado por sua filha, Maria Luiza Penna. Embora<br />

seja o único caso de “arquivo público de arquivista” que eu conheça, ela ainda teve<br />

dificuldade com as lacunas e o vaivém das informações, peças de um quebra-cabeças:<br />

Retiro do arquivo de Luiz Camillo de Oliveira Netto muitas cartas, é<br />

verdade, mas, ao fazer isso, excluo outras. Revejo fotos. Ouço de novo as<br />

entrevistas, leio as transcrições. Trabalho não só com a memória dos outros,<br />

decerto já retalhada pelo tempo e pelas vivências, mas também com a minha<br />

própria memória. Tamanha inflação de lembranças pode se confundir com um<br />

máximo de esquecimento. A amnésia: um paradoxo e um perigo. (PEN<strong>NA</strong>,<br />

2006, p.71)<br />

O trabalho dos arquivistas é, assim, antes de tudo, manter-se atento e respeitar<br />

a ordem original do arquivo, impressa pelo titular, ou pela família. Enfim, estar atento<br />

ao que subsistiu e também à descrição e à transmutação de um documento, com dada<br />

linguagem, em outro (aquele meta-arquivo) com linguagem padronizada e<br />

inventariada. Faz-se necessário um estranhamento, que, não obstante saudável, não<br />

pode dar espaço a (pré)conceitos e maneirismos, quando do estudo do objeto<br />

escolhido. E escolhido o objeto, poder agora remontá-lo de diversas maneiras, se<br />

apropriando, em cada momento, de um olhar diferente. Gostaria de salientar que as<br />

características de um arquivo pessoal qualquer, embora não estanques, são a<br />

originalidade, a unicidade, mas também, as lacunas.<br />

Não se pode esquecer que o trabalho de pesquisa em arquivo é, antes de<br />

mais nada, um encontro com a morte, e o arquivo, não apenas um rico estoque,<br />

mas também uma coleção marcada pela falta. Essa condição dupla do registro<br />

arquival presentifica o ausente e recupera o vivido com o perigo de cristalizá-lo.<br />

(PEN<strong>NA</strong>, 2006, p. 70)<br />

38 AMLB, da Fundação Casa de Rui Barbosa, em Botafogo.<br />

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