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FUNDAÇÀO GETULIO VARGAS DE OLHO NA ETERNIDADE: a ...

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Os momentos de criação do arquivo podem ter sujeitos diversos. O<br />

processo de acumulação é dinâmico comportando revisões de articulação e<br />

remanejamento de peças, o que dificulta, ainda que não impeça, surpreender seu<br />

movimento, sua trajetória: sua vontade de guardar. (LISSOVSKY et al., 1986, p.<br />

68)<br />

Ou seja, o que o colecionador pretende com seus registros, com sua produção<br />

documental, levando-se em conta o que deseja que chegue ao conhecimento do<br />

público no futuro, isto é, a lógica de acumulação de todo arquivo. Dito de outra forma,<br />

essa lógica perdura durante toda a trajetória do titular e incide diretamente sobre o<br />

modus como ele acumula, quais documentos ele irá guardar e o uso que lhes dará. A<br />

lógica de acumulação deve ser observada no fundo e não apenas sobre as informações<br />

que um documento fornece, num primeiro olhar. É o sentido do conjunto que traz de<br />

volta o movimento ou a intenção diária de acumulação.<br />

A intenção do colecionador ao construir seu arquivo aparece, por exemplo,<br />

pela quantidade e por quais documentos acumulou, pelas ligações entre documentos<br />

diferentes: uma carta que acompanha uma fita cassete enviada a alguém e que resulta<br />

numa partitura. Às vezes, como no caso dos arquivos de Gustavo Capanema e Luiz<br />

Camillo de Oliveira Netto, a descrição que o próprio titular faz de sua maneira de<br />

ordenar está presente, de forma mais ou menos incisiva. Agindo dessa forma, o titular<br />

é, por assim dizer, o centro de gravidade do arquivo: os documentos são colecionados<br />

e se organizam segundo as visões de mundo do titular ao longo do tempo — visões<br />

sobre os “outros” e principalmente sobre si mesmo.<br />

Se, numa perspectiva mais ampla, se justifica dizer que o conjunto de arquivos<br />

(privados e da administração pública) compõe o patrimônio cultural de um país,<br />

juntamente com bibliotecas e museus, a forma pela qual esse patrimônio será<br />

apresentado ao público — variável ao longo do tempo —, também sofrerá a<br />

intervenção direta dos “guardiões da memória”, pessoas físicas ou instituições, que se<br />

responsabilizam pela formação, guarda e distribuição das informações neles contidas.<br />

Essa interferência fica evidente em duas fases bastante distintas: na seleção e na<br />

avaliação dos documentos.<br />

Mas, as considerações que se seguem, sobre seleção e avaliação, estarão<br />

sempre referenciadas aos arquivos pessoais permanentes. De acordo com a teoria das<br />

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