FUNDAÇÀO GETULIO VARGAS DE OLHO NA ETERNIDADE: a ...
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CAPÍTULO 3: CA<strong>DE</strong>RNOS PARA LEMBRAR TOM<br />
— lembranças dele, com ele e para ele<br />
A manutenção de um acervo pessoal é uma feliz tarefa para seu titular. Tom<br />
Jobim pôde contar com essa satisfação e pôde também dividi-la com outras tantas<br />
pessoas que passaram pela suas casas. Suas duas esposas o ajudaram, assim como<br />
seus filhos, e a museóloga Vera Alencar, contratada especialmente para dar ordem a<br />
seu arquivo. Além desses, houve outros colaboradores, como sua irmã, Helena Jobim,<br />
e alguns fãs e pesquisadores, que, após sua morte, doaram alguns registros de Tom<br />
mais bem conservados.<br />
Conforme disse Ana Jobim 1 , não era uma premissa do casal a idéia de guardar<br />
documentos para constituir um arquivo, mas eram, ambos, sensíveis a esse<br />
movimento. Ao que lhe parece, narrando muitos anos depois, não estavam muito<br />
conscientes, nem da acumulação diária, nem das investidas técnicas que fizeram.<br />
Apenas sentiram a necessidade de profissionalizar o acervo, mesmo em dúvida do que<br />
realizavam:<br />
O arquivo começou sem intenção. A Thereza começou a guardar em<br />
envelopes pardos todos os recortes de jornais e documentos que tinha. Quando<br />
me mudei com Tom para a casa da rua Peri, aquilo tudo veio e não sabíamos<br />
muito bem o que tinha lá e o que fazer com eles [os envelopes]. Quem sugeriu a<br />
Verinha, foi a Thereza, porque era amiga dela. Ela começou a catalogar tudo<br />
aquilo e criou um sistema de cópias das letras para evitarmos o manuseio<br />
quando tinha show. Esse foi o início. Depois a Verinha sugeriu a Piedade<br />
Grinberg para trabalhar os jornais, fisicamente, e na parte do conteúdo também.<br />
Não sei se guardávamos para a História. Mas tudo tinha um valor. Não<br />
dava pra pegar um documento e jogar no lixo... Tinha lá nos cadernos,<br />
anotações importantes e outras nem tanto: lista de compras, número de passos<br />
que ele dava em volta da piscina, desenhos da Luiza... Não tinha a intenção, mas<br />
era uma necessidade! (JOBIM, 2008).<br />
1<br />
JOBIM, Ana Beatriz Lontra. Entrevista concedida à autora, 11 de junho de 2008, em sua residência.<br />
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