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FUNDAÇÀO GETULIO VARGAS DE OLHO NA ETERNIDADE: a ...

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eferia, mais parecem escolhas realizadas para compor sua trajetória rumo ao sucesso<br />

que pretendia.<br />

Um desses primeiros acasos de que Tom se lembrava foi como começou a<br />

se interessar pelo piano, e por extensão, pela música. Por volta de 1942, tinha ido<br />

parar um piano de armário Eisenholder preto e velho (faltavam algumas teclas e o<br />

revestimento de outras) na garagem de sua casa. Era para as aulas de Helena, sua<br />

irmã, e para seu desagrado. Para sorte de Tom, as atividades de menino eram bastante<br />

diferentes das de menina e ele se permitia ser íntimo do mar, das pescarias, e das<br />

brincadeiras de então: nadar na praia, correr na areia, soltar pipa. Quando começou a<br />

ter obrigações da vida adulta, e para impressionar os pais de Thereza Hermanny,<br />

começou a trabalhar, foi acometido de uma “doença inexplicável” que o prostrou na<br />

cama durante duas semanas — fez exames de “todos os caldos do corpo”, mas ficou<br />

sem prognóstico e solução (Acervo ACJ, K7-147).<br />

Segundo sua teoria “inconseqüente”, todos os pianistas são aleijados:<br />

“ninguém troca uma praia azul, uma moça bonita, uma peteca, uma bola, por um<br />

quarto escuro, um cubo de trevas, e vai tocar piano. Nenhum garoto sadio faz isso, a<br />

não ser que tenha algo muito forte” (Acervo ACJ, E14). Portanto, Tom passou a<br />

ouvir as aulas da irmã deitado no chão; já que sua mãe o proibia de ficar em seu<br />

quarto durante o dia todo, convalescendo-se da “doença inexplicável”.<br />

De repente, percebia que um som combinava com outro, e que gostaria de<br />

misturar isso. Mas só quando seu padrasto, Celso Frota Pessoa, convenceu-o de que o<br />

“piano não era negócio de menininha” (Acervo ACJ, E14), passou a ter as aulas<br />

destinadas inicialmente à irmã. “Eu teria ferido meu padrasto se fosse me dedicar à<br />

Literatura, para ser igual ao meu pai. Ele fazia gosto que eu fosse músico. Então,<br />

quando manifestei essa tendência para a música, ele apoiou: me deu um piano, com<br />

grande sacrifício, porque era um pobre funcionário público. [...] Fui músico porque<br />

achei que ele ficaria mais contente. Mas, não sou aquele músico que só fala em<br />

música. Isso é chato”. 25 Tinha apenas quinze anos quando começou a compor:<br />

fazia aquelas musiquinhas e chegavam pra mim e diziam: ‘Você não<br />

pode fazer isso. Você está privando o Brasil de escutar isso’. Mas eu botava na<br />

25<br />

Essa citação foi colhida num dos painéis biográficos da exposição Nas trilhas do Tom, realizada no<br />

Rio Design Barra, em 2002, para comemorar a inauguração do Instituto Antonio Carlos Jobim. Não foi<br />

possível localizar a fonte inicial.<br />

34

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