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FUNDAÇÀO GETULIO VARGAS DE OLHO NA ETERNIDADE: a ...

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da interferência do titular. Vê-se, então, que a documentação foi assim dividida,<br />

segundo Vera de Alencar:<br />

[…] um arquivo inteiro de quatro gavetas só com música. Partituras, arranjos,<br />

edições. Tudo sobre música, melodia. Outro arquivo, também de quatro gavetas,<br />

está assim dividido: duas gavetas só com as letras. As letras em português e<br />

inglês (caso haja), esboços, estudos, textos de músicas que foram trocados,<br />

manuscritos dele ou de parceiros. A parte dos autores eruditos está numa terceira<br />

gaveta juntamente com uns álbuns que foram editados com músicas dele<br />

sozinho ou com outros autores. A quarta gaveta do arquivo está reservada para a<br />

parte de correspondência, que estou classificando em: família, amigos, fãs e<br />

outros. (ALENCAR apud MARTINS, 1981, p.44)<br />

A passagem nos comunica a maneira como o titular, primeiro usuário de seu<br />

arquivo pessoal, precisava da ordenação das gavetas e dos macro-assuntos, cabendo,<br />

nessa descrição, apenas uma consideração sobre o uso dos documentos que ele mais<br />

requisitava. Em seu arquivo pessoal, suas músicas, principal fonte de trabalho, de<br />

renda e de inspiração mereciam lugar de destaque. E, diga-se de passagem, mesmo<br />

aquelas sete gavetas não comportavam, confortavelmente, as 1700 grossas partituras e<br />

oitocentas letras de seu acervo musical. Neste ponto fica evidenciada a relação que<br />

Tom tinha com seus autores referenciais, quando ele mesmo copiava ou escrevia os<br />

arranjos de uma música importante de um outro autor 39 . Havia, pelo menos, dois<br />

móveis para acomodar o arquivo e acessar uma memória mais imediata, usada no<br />

cotidiano, fazendo consultas durante o trabalho e provando autorias. Existia<br />

concomitantemente, em relação ao conjunto, uma memória menos imediata, menos<br />

perceptível ao usuário, mas que completava seu acervo, agregando outras<br />

informações, constituindo seu legado artístico.<br />

O seu método de trabalho envolvia guardar seus escritos para voltar a trabalhar<br />

mais tarde em alguns, pois sempre repetia que, “segundo Stravinsky, o trabalho de<br />

composição é feito de 5% inspiração e 95% transpiração”. Ao mesmo tempo,<br />

arquivava o que já estava “pronto”, fosse para evitar erros de execução, fosse para<br />

garantir seu legado. O que fica claro é o desejo de Tom de “compor seu acervo”: ele<br />

acumulou, com ou sem ajuda, um conjunto de documentos porque sabia que apenas<br />

39<br />

Na série Partituras, subsérie Produção Intelectual de Terceiros, estão os arranjos aos quais me refiro.<br />

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