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FUNDAÇÀO GETULIO VARGAS DE OLHO NA ETERNIDADE: a ...

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interesses: ecologia, poesia, urbanismo, arquitetura, amor e, claro, música. Ele<br />

guardou o que produziu, o que conseguiu reunir dos amigos e autores que admirava.<br />

Acumulava com fins diversos: para registrar o que estava pronto; para voltar a<br />

trabalhar o que ainda não era do seu gosto (verifica-se que o esboço é um tipo de<br />

documento facilmente encontrado); para comprovar seus direitos; e também pelo<br />

orgulho daquilo que ganhou, fossem prêmios, produção de terceiros ou cartas de fãs.<br />

Entretanto, tal era o cuidado que lhe despertava seu próprio arquivo, que, em<br />

1981, contratou a amiga Vera de Alencar para planejarem juntos uma ordenação de<br />

acordo com o uso que então fazia dos documentos, como informado no artigo “Um<br />

arquivo muito especial para a obra de Tom Jobim”, da revista Amiga.<br />

O interesse pelo próprio arquivo é comum a outros ilustres colecionadores de<br />

sua própria obra. Priscila Fraiz pesquisou o arquivo de Gustavo Capanema,<br />

depositado na Fundação Getúlio Vargas, e verificou que, além do volume expressivo<br />

(duzentos mil documentos), que revela sua disposição em guardar, o titular deixou<br />

uma informação muito específica, que os pesquisadores do Centro de Pesquisa e<br />

Documentação em História Contemporânea (CPDOC) chamaram de meta-arquivo 37 .<br />

Trata-se de documentos de autoria do titular, referentes ao planejamento<br />

e à organização do próprio arquivo e, secundariamente, à classificação adotada<br />

para sua biblioteca particular. É raro que um arquivo pessoal chegue a uma<br />

instituição de memória com algum arranjo ou ordenamento prévios,<br />

determinado pelo próprio titular, por colaboradores ou mesmo por familiares;<br />

mais incomum ainda é encontrar um tipo de material que reflita e revele alguma<br />

ordem original ou primitiva, que possa nos dizer do arquivo e sobre o arquivo.<br />

(FRAIZ, 2002, p.16)<br />

Gustavo Capanema tinha, sem dúvida, um arquivo privilegiado, pois além de<br />

ser Ministro da Educação e Saúde, teve amigos igualmente importantes, com quem<br />

manteve uma correspondência intensa. Mas, mesmo sendo minoria, há outros<br />

exemplos desse tipo de documentação, deixado por quem cuidou do arquivo ainda em<br />

vida. Assim, encontram-se alguns planos de como organizar ou como gostariam que<br />

fossem organizados seus acervos. Podem ser citados como exemplos dessa prática:<br />

Darcy Ribeiro e Luiz Camillo de Oliveira Netto. O arquivo de Darcy Ribeiro, tratado<br />

37 Termo cunhado pelos pesquisadores Mauricio Lissovsky e Paulo Sergio Moares de Sá.<br />

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