FUNDAÇÀO GETULIO VARGAS DE OLHO NA ETERNIDADE: a ...
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meditar escrever treinar trabalho do pensamento<br />
re<br />
meditar escrever<br />
ler<br />
O objeto caderno começou a ser usado na Europa da Idade Média, feito,<br />
prioritariamente, para os usos contábeis e mercantis. Consistiam em um amarrado de<br />
folhas soltas ou em uma grande folha de papel ou pergaminho dobrada em quatro e<br />
costurada com tiras na lombada. Daí se derivou o termo quaternio, para os primeiros<br />
comerciantes italianos. Essa costura, essa encadernação, poderia ser comprada pronta<br />
ou feita posteriormente à escrita, para melhor organização do que tinha sido<br />
registrado. Essa acepção foi a primeira, assumida por Antoine Furetière, no seu<br />
Dictionaire universel, impresso em Haia, Hotterdam, em 1690, e citado por Jean<br />
Hébrard. Mas havia outras significações, segundo o autor:<br />
O segundo sentido assinalado por Furetière remete à linguagem dos<br />
impressores (“Diz-se também das folhas mais ou menos amarradas que<br />
constituem o livro encadernado. Esse volume tem tantos cayers...”). O terceiro<br />
nos leva ao mundo das escrituras administrativas ou jurídicas, onde o termo<br />
designa uma unidade textual manuscrita que especifica seu conteúdo e lhe dá<br />
mais força: “Cayer significa ainda memoriais apresentados separadamente.<br />
Estes artigos estão em cayer à parte”. O último uso da palavra nos introduz às<br />
práticas do colégio e da universidade: “Cayers são também os escritos que os<br />
estudantes escrevem sob a orientação de seu mestre de filosofia, teologia ou<br />
qualquer outra ciência que se ensine nas escolas. Um estudante precisa<br />
reapresentar seus cayers a seu mestre para dele obter um atestado de seu tempo<br />
de estudo”. (HEBRARD, 2000, p. 36)<br />
Embora estejam registrados esses vários sentidos desde 1690, é muito<br />
provável que o termo “caderno” tenha começado a circular muitos séculos antes, por<br />
conta da premente necessidade (inclusive jurídica) de se escrever toda negociação<br />
feita dia a dia, detalhe por detalhe. Primeiro para que existissem maneiras de ser<br />
visitado e controlado pelas autoridades, e depois, porque ninguém poderia se furtar a<br />
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