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FUNDAÇÀO GETULIO VARGAS DE OLHO NA ETERNIDADE: a ...

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criatividade brasileira: a criatividade musical, futebolística, arquitetônica. O Brasil é<br />

agora o Brasil de um Pelé e de um Garrincha, de um Tom Jobim e de um João<br />

Gilberto, variações de um mesmo matiz: a potencialidade do homem brasileiro. Para<br />

Nelson Motta, essa foi “uma época de liberdade, de democracia, de entusiasmo. O<br />

governo JK, a construção de Brasília, indústria automobilística… era um clima<br />

maravilhoso. Além de todas as coisas naturais do Rio, as praias… A Bossa Nova foi a<br />

trilha sonora perfeita para aquele momento.” (DIRECTV, 2006)<br />

O termo “Bossa Nova” sempre ultrapassou o cenário musical, possuindo<br />

utilizações das mais variadas, retratando, em cada uma delas, especialmente um<br />

estado de espírito. Assim é que um presidente da República podia ser, ao seu modo, o<br />

“presidente Bossa Nova”. A bossa, gíria jovial há muito usada na linguagem<br />

coloquial, significava uma moda, uma onda. Se é verdade que foi a cena musical que<br />

elevou o termo Bossa Nova até o ponto dele se tornar uma referência de toda uma<br />

época, cumpre um breve registro da origem desse termo. Quando se dizia, “fulano tem<br />

bossa para isso ou aquilo”, ainda que hoje este emprego tenha sido diminuído, se<br />

queria dizer: ele tem uma inclinação especial para isso que se propõe a fazer; possui<br />

uma maneira ou uma qualidade especiais para tal. Assim, Bossa Nova, do ponto de<br />

vista musical, surge como o cotejamento entre jeitos diversos de fazer música, sendo<br />

ela, um jeito novo. O novo aí não quer dizer ruptura absoluta, mas sim incorporação<br />

do antigo da cena musical anterior à Bossa Nova. Segundo Zuza Homem de Mello,<br />

havia dois gêneros musicais que conviviam nessa época: “um mais ligado aos rádios,<br />

que imperava, era o baião. E o outro, era o samba-canção, principalmente no Rio”<br />

(DIRECTV, 2006). Os grandes cantores do rádio (Emilinha, Silvio Caldas, Marlene,<br />

Orlando Silva) não se importavam com aqueles garotos, que se sentiam “modernos”,<br />

que queriam modificar tudo e procurar novidades. A música norte-americana também<br />

estava cheia de novidades: Gerry Mulligan, Gizzy Gillespie, Duke Ellington… O jazz<br />

atraía essa rapaziada. Os primeiros foram: Johnny Alf, Dick Farney e Lúcio Alves,<br />

que serviram de inspiração para começar uma grande revolução na história da música<br />

brasileira. Segundo o próprio Johnny Alf, todo o movimento foi despretensioso,<br />

seguindo apenas a inspiração de cada um: “a inspiração que eu tive, talvez, foi por um<br />

modo de ver diferente. Eu não sabia que era um negócio que ia marcar, porque a<br />

inspiração […] vem de repente. Não posso dizer: vou fazer isso, fazer aquilo. E, de<br />

repente, você faz um negócio que vai marcar…” (DIRECTV, 2006).<br />

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