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MODELAÇÃO TÁCTICA EM JOGOS DESPORTIVOS – A DESEJÁVEL<br />

CUMPLICIDADE ENTRE PESQUISA, TREINO E COMPETIÇÃO<br />

Júlio Garganta<br />

<strong>Facul<strong>da</strong><strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Desporto</strong> - Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

Nos Jogos Desportivos (JD), a especialização <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong><br />

maiores e mais refina<strong>da</strong>s exigências no âmbito <strong>do</strong>s contextos<br />

<strong>de</strong> treino e <strong>de</strong> competição, testemunha a imprescindibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong> racionalização <strong>do</strong>s processos conducentes à eficácia <strong>da</strong> preparação<br />

e orientação <strong>do</strong>s joga<strong>do</strong>res e <strong>da</strong>s equipas. Sabe-se que a<br />

prática <strong>de</strong>ste grupo <strong>de</strong> disciplinas <strong>de</strong>sportivas ocorre a partir <strong>de</strong><br />

uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> interacções complexas, em condições instáveis e<br />

aleatórias <strong>de</strong> cooperação e oposição, que integram distintos<br />

níveis <strong>de</strong> organização. Tais características, embora confiram originali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

às joga<strong>da</strong>s e tornem o jogo mais atractivo, dificultam<br />

a tarefa <strong>de</strong> observação sistemática. Não obstante, a informação<br />

recolhi<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> análise <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong>s joga<strong>do</strong>res,<br />

em ambientes <strong>de</strong> treino e <strong>de</strong> competição, é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma<br />

<strong>da</strong>s variáveis que mais afectam a aprendizagem e a eficácia <strong>da</strong><br />

acção <strong>de</strong>sportiva.<br />

O conhecimento acerca <strong>da</strong> proficiência com que os joga<strong>do</strong>res e<br />

as equipas realizam as respectivas tarefas tem-se revela<strong>do</strong> fun<strong>da</strong>mental<br />

para aferir a congruência <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho em relação<br />

aos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> jogo e <strong>de</strong> treino preconiza<strong>do</strong>s. Admite-se, portanto,<br />

que o entendimento <strong>da</strong> lógica <strong>do</strong>s JD e, nomea<strong>da</strong>mente,<br />

<strong>do</strong>s princípios que a governam, tenha implicações relevantes<br />

nos <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> ensino, <strong>do</strong> treino e <strong>do</strong> controlo <strong>da</strong> prestação<br />

<strong>do</strong>s joga<strong>do</strong>res e <strong>da</strong>s equipas, e influa na concepção e na escolha<br />

<strong>do</strong>s procedimentos meto<strong>do</strong>lógicos a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para optimizar a<br />

performance.<br />

Face à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> melhor se perceber os constrangimentos<br />

que concorrem para o sucesso e o insucesso nos cenários <strong>de</strong><br />

prática <strong>de</strong>sportiva, a Análise <strong>da</strong> Performance é, reconheci<strong>da</strong>mente,<br />

uma área com aplicações fecun<strong>da</strong>s na investigação, particularmente<br />

no quadro <strong>do</strong>s JD.<br />

A consciência <strong>de</strong> que os constrangimentos tácticos assumem<br />

uma importância vital nos JD, fez com que a partir <strong>da</strong> segun<strong>da</strong><br />

meta<strong>de</strong> <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> oitenta, a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> padrões tácticos,<br />

consegui<strong>da</strong> com base nas regulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s revela<strong>da</strong>s pelos<br />

joga<strong>do</strong>res e pelas equipas, passasse a ocupar a agen<strong>da</strong> <strong>do</strong>s<br />

investiga<strong>do</strong>res.<br />

Actualmente, nos JD, a procura <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho<br />

táctico que funcionem, quer como regula<strong>do</strong>res <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s joga<strong>do</strong>res, quer como referenciais importantes na intervenção<br />

<strong>do</strong>s treina<strong>do</strong>res, é uma questão central que abre vias <strong>de</strong><br />

investigação e <strong>de</strong> reflexão profícuas na <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>da</strong> excelência<br />

<strong>de</strong>sportiva.<br />

Uma <strong>da</strong>s tendências que se perfilam pren<strong>de</strong>-se com o estu<strong>do</strong><br />

<strong>da</strong>s acções <strong>de</strong> jogo consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s representativas, ou críticas,<br />

com o intuito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os constrangimentos que induzem<br />

perturbação e <strong>de</strong>sequilíbrio <strong>do</strong> balanço posicional entre os opositores.<br />

Diante <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> inerente às acções <strong>de</strong> jogo, os<br />

analistas têm procura<strong>do</strong> <strong>de</strong>tectar e interpretar a permanência<br />

e/ou ausência <strong>de</strong> marca<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho táctico ti<strong>do</strong> como<br />

positivo.<br />

Sabe-se que em jogos <strong>de</strong> pen<strong>do</strong>r táctico-estratégico, como é o<br />

caso <strong>do</strong>s JD, o processo <strong>de</strong> treino consiste na implementação<br />

<strong>de</strong> uma “cultura para jogar”, a qual se traduz num esta<strong>do</strong> dinâmico<br />

<strong>de</strong> prontidão, com referência a conceitos e princípios. Tal<br />

significa que a forma <strong>de</strong> jogar é construí<strong>da</strong> e que o treino con-<br />

siste em mo<strong>de</strong>lar o comportamento e as atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> joga<strong>do</strong>res/equipas,<br />

através dum projecto orienta<strong>do</strong> para o conceito <strong>de</strong><br />

jogo/competição.<br />

No <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> pesquisa em Ciências <strong>do</strong> <strong>Desporto</strong>, o <strong>de</strong>lineamento<br />

<strong>de</strong> sistemas explicativos e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> dispositivos<br />

instrumentais nem sempre propiciam a capacitação <strong>do</strong>s<br />

mais directamente implica<strong>do</strong>s na prática <strong>de</strong>sportiva.<br />

Reportan<strong>do</strong>-nos ao quadro <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>lação táctica nos JD, na presente<br />

conferência sustentaremos que a transformação positiva<br />

<strong>do</strong>s conhecimentos e competências <strong>de</strong> joga<strong>do</strong>res e treina<strong>do</strong>res,<br />

po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser potencia<strong>da</strong> a partir <strong>do</strong> compromisso entre o<br />

or<strong>de</strong>namento <strong>do</strong>s quadros típicos <strong>de</strong> constrangimentos para<br />

jogar e o inventário <strong>de</strong> problemas particulares coloca<strong>do</strong>s aquan<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> treino para operacionalizar o conceito <strong>de</strong> jogo.<br />

MODELAÇÃO DA PERFORMANCE. UM DESAFO INTERMINÁVEL<br />

José A. R. Maia<br />

<strong>Facul<strong>da</strong><strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Desporto</strong> - Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

Conferências<br />

A inquietação <strong>do</strong>s investiga<strong>do</strong>res <strong>de</strong> diferentes “aveni<strong>da</strong>s” <strong>do</strong><br />

conhecimento em torno <strong>da</strong> mo<strong>de</strong>lação e interpretação <strong>da</strong> performance<br />

é tão antigo quanto a humani<strong>da</strong><strong>de</strong>. As soluções avança<strong>da</strong>s<br />

pelos investiga<strong>do</strong>res teimam em estar, <strong>de</strong> algum mo<strong>do</strong>,<br />

algo distantes <strong>da</strong> serie<strong>da</strong><strong>de</strong> e resulta<strong>do</strong>s práticos <strong>do</strong>s treina<strong>do</strong>res<br />

<strong>de</strong> maior valor em termos nacionais e internacionais. Parece<br />

resultar <strong>da</strong>qui alguma perplexi<strong>da</strong><strong>de</strong> em torno <strong>da</strong> questão <strong>de</strong><br />

saber se valerá a pena mo<strong>de</strong>lar a performance, e saber se o que<br />

<strong>da</strong>qui sairá que não seja já <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong>s treina<strong>do</strong>res<br />

mais experientes e sensatos.<br />

Contu<strong>do</strong>, não resisto à tentação <strong>de</strong> colocar mais “lume para a<br />

fogueira inquisitiva”. Daqui que não venha apresentar qualquer<br />

solução “mirabolante”, ou enquadra<strong>da</strong> num qualquer “passe <strong>de</strong><br />

mágica”. Bem pelo contrário. Humil<strong>de</strong>mente, tentarei colocar<br />

alguns <strong>do</strong>s sérios problemas, to<strong>do</strong>s em aberto, que um estudioso<br />

no <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> Desenvolvimento tem pela frente, sobretu<strong>do</strong><br />

quan<strong>do</strong> li<strong>da</strong> com a resposta ao treino e competição <strong>de</strong> crianças<br />

e jovens atletas <strong>de</strong> distintos níveis <strong>de</strong> treino e rendimento.<br />

Daqui que esta intervenção tenha os seguintes propósitos:<br />

1º Para quê mo<strong>de</strong>lar a performance? Que admirável mun<strong>do</strong><br />

novo sairá <strong>de</strong> tal aventura? Que nova informação sairá para os<br />

treina<strong>do</strong>res? Qual a relevância <strong>de</strong> “tanto trabalho”?<br />

2º Partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> princípio, muito genérico, que a performance<br />

(Y) é função (f) <strong>de</strong> um conjunto varia<strong>do</strong> <strong>de</strong> predictores (X), tal<br />

que Y=f(X), começaremos o nosso lote <strong>de</strong> perguntas sobre os<br />

seguintes pontos:<br />

- O que é que se enten<strong>de</strong> por performance?<br />

- É <strong>de</strong> natureza univaria<strong>da</strong> ou multivaria<strong>da</strong>? Como testar diferentes<br />

hipóteses <strong>da</strong> sua multidimensionali<strong>da</strong><strong>de</strong> com base em<br />

técnicas <strong>de</strong> Análise Factorial Confirmatória?<br />

- A estrutura multivaria<strong>da</strong> <strong>da</strong> performance é, ou não, invariante<br />

no tempo. Se não for, como conseguir equivalência conceptual<br />

e métrica para estu<strong>da</strong>r o seu comportamento no tempo, e em<br />

diferentes escalões ou níveis competitivos? Se for, como testar<br />

a sua invariância configuracional e métrica?<br />

- Assumin<strong>do</strong> que é possível marcar a performance, como averiguar<br />

a fiabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s registos <strong>do</strong>s atletas e/ou <strong>da</strong>s equipas?<br />

Valerá a pena continuar a seguir as “pega<strong>da</strong>s” <strong>da</strong> teoria clássica<br />

<strong>do</strong>s testes com base em informação contínua e discreta? Ou<br />

será que é bem mais vantajoso recorrer à teoria <strong>da</strong> generaliza-<br />

Rev Port Cien Desp 7(Supl.1) 9–17<br />

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