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CADERNO DE RESUMOS - IEL - Unicamp

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candidatos são lançados e perfis identitários (de oradores e de auditórios) são<br />

estabelecidos. Na entrevista analisada, é possível observar que não só José Serra, como<br />

também, a própria Revista Veja argumentam em prol do candidato. É possível observar<br />

como, por meio de estratégias discursivas, a revista traçou, a partir do que é aceito<br />

pelos eleitores brasileiros, sobretudo de fatos e valores, um perfil positivo para o<br />

candidato. Dentre tais estratégias, encontra-se o “ataque” à candidata Dilma Russef,<br />

organizado por José Serra e também pela Veja, que realizam acusações à candidata,<br />

tornando presentes fatos ausentes, mas que, conforme proposto por Perelman &<br />

Olbrechts-Tyteca, (1996), não correspondem, necessariamente, ao real. Como, na<br />

argumentação, o verdadeiro depende da aceitabilidade dos enunciados pelo auditório,<br />

é possível inferir que as acusações não foram argumentos suficientes para denegrir a<br />

imagem da candidata Dilma Russef ou, ao menos, não o foram a ponto de impedir que<br />

ela vencesse as eleições.<br />

Ana Cláudia Nascimento – Universidade Federal de São Carlos/CAPES<br />

Política de Línguas: Língua Oficial e Língua Estrangeira<br />

Quando pensamos em política de línguas, podemos considerar diferentes movimentos,<br />

entre esses aquele que constitui a divisão entre a língua dita oficial e as línguas não<br />

oficiais e, também, entre a língua nacional e as língua(s) estrangeira(s), dado um<br />

espaço geográfico determinado. No entanto, à luz da Semântica do Acontecimento,<br />

preocupamo-nos não com a distribuição geográfica das línguas, mas sobretudo com as<br />

relações políticas que se produzem a partir dessas várias divisões. Nossa pesquisa,<br />

particularmente, trata da relação entre a Língua Portuguesa e a Língua Inglesa no<br />

espaço de publicação e circulação de textos científicos, considerando dois<br />

funcionamentos pontuais: o que se diz sobre o significado do inglês como língua que<br />

participa da política de publicação de pesquisas no Brasil e, então, a forma como esses<br />

significados produzidos podem legitmar ou não a circulação dos resultados dessas<br />

pesquisas, relativamente a uma área do conhecimento. Isso explica porque nosso<br />

corpus tem dois momentos específicos: o que reúne recortes de dizeres que regulam a<br />

política de publicações acadêmicas em instituições brasileiras no que diz respeito às<br />

línguas circulantes, e o que abarca o modo de distribuição dessas línguas nos textos<br />

acadêmicos.<br />

Consideramos para a discussão proposta o dispositivo teórico-metodológico<br />

apresentado por Guimarães (2002, 2007, 2011). O conceito de espaço de enunciação, de<br />

que trata o autor citado é fundamental; tal noção caracteriza o espaço em que as<br />

línguas funcionam, lugar de embate e conflito. Procuraremos mostrar que é no espaço<br />

enunciativo que se constróem e se atualizam cenas enunciativas cujo agenciamento<br />

significa para o sujeito, no caso o locutor-cientista, o que ele é, sua identidade. Também<br />

é nesse lugar que se criam condições para que outros acontecimentos de enunciação<br />

sejam rememorados e, por assim ser, para que os sentidos normatizados sobre língua<br />

sejam (re)significados. Isso permitirá questionar, então, se o inglês, categorizado<br />

como língua estrangeira, pode também significar o lugar de língua oficial.

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