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CADERNO DE RESUMOS - IEL - Unicamp

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novas enunciações, novos sentidos que não cessam de se movimentar pela<br />

incompletude da língua. Por outro lado, observamos que se a lei Maria da Penha<br />

criminaliza o agressor, o homem, no caso, o efeito de sentido dessa lei tende a apagar a<br />

igualdade constitucional de direitos e deveres entre homens e mulheres.<br />

Liliana de Almeida Nascimento Ferraz - Universidade Estadual do Sudoeste<br />

da Bahia<br />

Jorge Viana Santos - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia<br />

Como se: elemento polifônico em Cartas de Liberdade baianas do século<br />

XIX<br />

Neste trabalho, analisamos funcionamentos semânticos, estabelecidos pelo marcador<br />

argumentativo como se em cartas de liberdade baianas do século XIX, integrantes do<br />

Corpus DOVIC (Documentos Históricos de Vitória da Conquista – BA e Região Sudoeste<br />

da Bahia). Procura-se responder à questão: Como se dá a argumentação constituída<br />

pelo funcionamento do como se nas cartas de liberdade Para tanto, mobilizando<br />

pressupostos da Semântica Argumentativa tal como postulada em Ducrot (1984) na<br />

Teoria Polifônica da Enunciação, mais especificamente os conceitos de locutor e<br />

enunciador, analisa-se um corpus constituído de cinco cartas de alforria extraídas do<br />

Dovic, corpus digital com informações textuais dos séculos XIX e XX, coordenado por<br />

Santos e Namiuti (2009) com vistas a comprovar a seguinte hipótese: O como se<br />

possibilita a veiculação de uma dualidade de sentidos de liberdade/livre que apontam<br />

para enunciadores com pontos de vistas opostos. Após a identificação e levantamento<br />

das ocorrências, e considerando o referencial teórico revisto, partimos para a descrição<br />

e análise semântica dos enunciados que apresentavam o como se como marcador<br />

argumentativo. As cartas de liberdade eram, conforme Santos (2008, p. 31),<br />

instrumentos legais em que, via de regra, se registrava por escrito a libertação de um<br />

escravo. Nas cartas analisadas, encontramos largamente documentados enunciados do<br />

tipo “como se fosse livre”, “como se nascesse de ventre livre”, “como se forro<br />

nascesse”. De acordo com Santos (2008, p. 49), o escravo com a carta podia gozar do<br />

estatuto legal de pessoa, tornando-se, de direito, livre, ou mais propriamente, como<br />

demonstram os dados, “como se de ventre livre tivesse nascido”. Com a carta, o<br />

escravo tornava-se liberto e, por isso, carregava consigo todas as limitações legais que<br />

marcavam essa condição. As análises propostas, ancoradas na Teoria Polifônica da<br />

Enunciação de Ducrot (1984), confirmam a hipótese levantada, segundo a qual o como<br />

se possibilita, através dos encadeamentos que estabelece, a veiculação de dois<br />

sentidos de liberdade/livre tal como pressupostos em Santos (2008): um intransitivo,<br />

outro transitivo, conceitos que são simetricamente opostos.

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