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CADERNO DE RESUMOS - IEL - Unicamp

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56<br />

O trabalho que propomos apresentar é parte de uma pesquisa de iniciação científica<br />

financiada pelo CNPq iniciada em agosto de 2012, cujo objetivo é compreender a<br />

designação de cidadão na enunciação dos dois primeiros presidentes da República<br />

Brasileira – Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Na presente Jornada,<br />

apresentaremos a análise da designação de cidadão(s) no discurso de Proclamação da<br />

República, de Deodoro. O estudo está ancorado na Semântica do Acontecimento, tal<br />

como apresentada em livro homônimo de Eduardo Guimarães (Campinas: Pontes,<br />

2002), que assume uma posição materialista sobre a linguagem, a partir da qual<br />

concebe as relações estabelecidas com o real, o que está para ser significado pela<br />

linguagem, como históricas. A linguagem não é, portanto, transparente e, desse modo,<br />

não se parte de um sentido fixo a priori para a palavra, mas se busca na materialidade<br />

textual compreender suas especificidades na relação com sua história de enunciações.<br />

Entende-se que uma palavra, enquanto forma da língua, significa na relação dialética<br />

entre uma memória de enunciações passadas e o presente do acontecimento,<br />

produzindo, nesta relação, uma latência de futuro. É neste jogo entre presente,<br />

passado e futuro que se configura a designação de uma palavra no acontecimento<br />

enunciativo. Por meio da análise das predicações/determinações diretas e indiretas que<br />

cidadão recebe no texto da Proclamação, espera-se compreender o modo como a<br />

palavra significa nos movimentos de filiação e de diferença em relação aos sentidos<br />

que se estabilizam na República Ocidental Moderna a partir da Revolução Francesa.<br />

Como resultados preliminares, apontamos os seguintes: a) Cidadão(s) tem a seu lado<br />

concidadãos, que aparece sempre no plural. As duas palavras têm funcionamentos<br />

similares, mas não equivalentes. Cidadãos/Concidadãos têm um duplo funcionamento:<br />

referem o todo da nação, ou especificam indivíduos/grupos da sociedade, dividindo a<br />

coletividade nacional. Neste duplo funcionamento, há uma direção mais forte em cada<br />

uma dessas palavras: concidadãos refere prioritariamente o conjunto da nação e<br />

cidadão(s) refere prioritariamente indivíduos ou grupos da nação. b) A observação das<br />

predicações diretas (sobre cidadão(s)) e indiretas (sobre concidadãos e revolução) dá<br />

visibilidade a um processo político em que se afirma um rompimento com o passado,<br />

mas não se explicita nominalmente o presente – a unidade lexical República não<br />

aparece, significando sob o modo do implícito em revolução. Por sua vez, contrariando<br />

o sentido de “transformação” latente em revolução, esta palavra significa predicada<br />

por elementos que indicam a continuidade de um processo político, e não uma<br />

mudança.<br />

Rita Fabiana de Lacerda Jota - Universidad Nacional de Educación a<br />

Distancia/Consejo Superior de Investigaciones Científicas<br />

Análisis pragmático de los marcadores del discurso en el género foro de<br />

debate para<br />

profesores ELE

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