CADERNO DE RESUMOS - IEL - Unicamp
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Assim, nos valeremos, também, das proposições de Ducrot (1987) a fim de evidenciar a<br />
função dos marcadores discursivos presentes no discurso de posse, explicitando que o<br />
potencial argumentativo dos discursos está inscrito na língua. Ainda de acordo com o<br />
autor supracitado, pretendemos mostrar que a língua apresenta “imposições” que<br />
regem a apresentação dos enunciados e as conclusões a que eles conduzem.<br />
Dessa maneira, para Ducrot (1987), os encadeamentos argumentativos possíveis no<br />
discurso estão ligados à estrutura linguística dos enunciados e não apenas às<br />
informações que eles veiculam; desse ponto de vista, um enunciado pode ser<br />
considerado um argumento que visa não apenas a uma conclusão, mas a uma série de<br />
conclusões.<br />
Priscila Brasil Gonçalves Lacerda - Universidade Federal de Minas<br />
Gerais/CNPq<br />
Na interface entre sintaxe e enunciação: uma proposta de análise para os<br />
adjuntos adverbiais<br />
Nesta comunicação, apresentamos uma reflexão cujo propósito é situar os adjuntos<br />
adverbiais no desenvolvimento de uma abordagem teórica que atua na interface entre<br />
enunciação e sintaxe. Tal abordagem, que se nomeou sintaxe de bases enunciativas,<br />
conta com as seguintes premissas: a) o emprego da língua é “um mecanismo total e<br />
constante que, de uma maneira ou de outra, afeta a língua inteira”, sendo esse<br />
emprego – a enunciação – fenômeno tão necessário que parece se confundir com a<br />
própria língua (BENVENISTE, 2006, p. 82); b) os fatos sintáticos se fundam na relação<br />
entre a materialidade articulada da língua e o acontecimento enunciativo (DIAS, 2009);<br />
c) o acontecimento enunciativo é o colocar a língua em funcionamento, que se<br />
configura pela relação da memória de dizeres com o presente da enunciação e as<br />
regularidades da língua (GUIMARÃES, 2005); d) as tradicionais funções sintáticas são<br />
entendidas como lugares sintáticos, que são lugares de constituição ou de<br />
configuração de referência; e, finalmente, e) a referência, ao estabelecer uma relação<br />
entre a linguagem e uma entidade do mundo, configura-se por um efeito de sentidos<br />
atribuídos pela relação de um enunciado com outros enunciados. Partindo dessas<br />
premissas teóricas, baseamo-nos em exemplos de sentenças do português do Brasil<br />
(PB) que abrigam em sua composição ocorrências de formações adverbiais (FNs)<br />
encabeçadas pela preposição “em” e nos permitem vislumbrar a diversidade<br />
constitutiva do lugar de adjunto adverbial. Procuramos delinear a configuração<br />
enunciativa desse lugar sintático, tomando como parâmetro as reflexões desenvolvidas<br />
até então a respeito da projeção e das condições de ocupação dos lugares sujeito<br />
gramatical e objeto (DIAS, 2009). Enfim, propomos que a sentença é atravessada por<br />
três planos: o plano enunciativo 1, que chamamos de plano enunciativo propriamente<br />
dito, o plano enunciativo 2, que chamamos de plano de incidência, e o plano temático.<br />
Esses planos estariam entrelaçados na constituição da sentença e se revelariam<br />
diferentemente, de forma proeminente, na configuração da identidade de cada um dos