estamos a falar de milhares de mensagens. Nós na rádio, o José Nuno fez isso, eu tambémtentei fazer, umas vezes não respondia, mas na maior parte das vezes respondia, respondertodas as mensagens, mas responder personalizadamente, dizendo portanto alguma coisasobre <strong>aqui</strong>lo, às vezes demora-se quatro a cinco horas, dois dias, três dias para ter umaresposta, para ter uma compreensão. Se tu vais entrar nesse diálogo interativo, muitobonito, mas se calhar com pouco sumo algumas vezes, entrarás numa espiral de ruído quenão sei se terá muitas vezes. Alguns amigos chamaram-me a atenção que era necessário queo Provedor da rádio entrasse nesse mundo das redes sociais, ou pelo menos tivesse umblog. Blog hoje parece uma palavra mágica, e eu sou muito sensível a essas questões e achoque não se pode ficar fora do mundo, não é, que está lá fora. O que é preciso é encontrar asformas com todas as novas tecnologias, é preciso encontrar as formas de elas se adaptares àfunção também. Portanto o que é um blog numa provedoria radiofónica ou televisiva que édiferente de empresas livres.MF – Sem dúvida. José Nuno Martins.JNM – Estou inteiramente de acordo com isso, mas o que é que pode, o Provedor não está<strong>aqui</strong> também para cativar ninguém, está <strong>aqui</strong> para, há quem pense assim, e eu sei que tu nãopensas assim, nem o Adelino também, não se está <strong>aqui</strong> para se cativar ninguém, vamos láver, se o ato de trabalho normal para fazer o Programa do Provedor já é em si um ato pornatureza cativante, vamos lá ver, se essencialmente o não for não tem resposta do ouvinte,não o segue, dera de área, muda a frequência, muda de estação. Eu também penso quefomos diferentes disso, naturalmente o Adelino e eu, e tu serás diferente também. Eu porexemplo acho que ao fim de meses e meses recebi mensagens tristes, de tristeza, deinquietação, às vezes até de raiva. Vi tanta mensagem escrita com os piores sentimentosdalguns ouvintes, achei que não era justo não premiar também a excelência que às vezesnos orgulhamos de ouvir nas estações. Também me orgulho de ouvir noutras estações comoouvinte, fico feliz quando ouço, são raros esses momentos, mas eles existem, existem paranosso orgulho, para o próprio serviço público a quem servimos, como provedores, comoouvintes, até como administradores, como diretores, como profissionais, a gente deve-seorgulhar de coisas que o serviço público tem. Eu referi alguns desses casos muito pontuais,dos quais esteve o saudoso programa “Lugar ao Sul” com o nesse mestre comum RafaelCorreia, e esse é um caso exemplar, nós estamos ir diretos ao coração de quem nos ouvequando exaltamos os nossos colegas em momentos absolutamente extraordinários da rádioque ele teve. Sei que é comum o sentimento ao Adelino Gomes e a ti, não há quem nãoreconheça nele o mestre extraordinário dessas coisas invisíveis que é transmiti-nos, contaras histórias, narrar de uma maneira especial, às vezes apenas abrindo o microfone esabendo ficar calado. E lá há coisa mais extraordinária que isto, ter esta ciência, aí fica tudodito, a gente pode pensar, e é a rádio, basta que fechemos os olhos e nos entreguemosàquilo, à interpretação d<strong>aqui</strong>lo que estamos a ouvir. Portanto esse é um dos aspectos, defacto a gente também de vez em quando exaltar o que sabe bem ouvirmos enquanto132
cidadãos que somos também, não deixas de o ser, é precisamente nessa altura umacircunstância muito especial. Mas também há <strong>aqui</strong> algum lado pedagógico, que éfundamental ajudar o ouvinte obter as chaves faladas há pouco. Ter a chave do processo, euacho que também contar um pouco desses bastidores, é outra coisa que poderá induzir aesse namoro, essa frequência entre ouvinte e Provedor, seja como for, o que é essencial éque o Provedor nunca se demita, não se vai demitir contigo felizmente, nunca se demita detransmitir e de se sentir correio dessas inquietações que chegam dum lado, também dosparabéns, tu também leste muitas mensagens de felicitações, e transmitir as inquietações, osparabéns, as felicitações para entregar aos nossos destinatários, assim saibam eles,saibamos nós, saiba eu por exemplo enquanto destinatários de mensagens que te serãoentregues, assim saiba eu saber responder, estar à altura de responder, enquanto profissionala tudo isso que aí vem. E eu não creio que seja de desistir, nem os ouvintes desistem, nem oProvedor tem que desistir, nem o próprio sistema do serviço público pode desistir daexistência dos provedores. Eu considero que se trata de um ganho absolutamente essencialpara a cidadania portuguesa a existência dos provedores, do espectador, do ouvinte doséculo XXI em Portugal.MF – José Nuno Martins, Adelino Gomes, em nome do ouvinte, eu agradeço a vossadisponibilidade. Em nome pessoal sinto-me muito orgulhoso de vos ter tido <strong>aqui</strong>. Muitoobrigado.133
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