PO – A ouvinte é influenciada no acto da escuta pelo background académico…Prof. P.C. – Não, eu consigo… eu tenho 2 tipos de ouvido, tenho o direito e o esquerdo eportanto o direito faz o ouvido crítico, o ouvido académico e o esquerdo é para ouvir <strong>aqui</strong>loque me apetece, porque eu penso que um investigador de televisão ou um investigador deimprensa, também é capaz de ler um jornal porque lhe apetece ou estar a ver um programade televisão porque simplesmente lhe apetece deitar-se no sofá e ver aquele programa, semestar a pensar se está bem ou mal feito. E há coisas na rádio que a mim me agradam e eunão quero saber a parte teórica ou conceptual que está por detrás e há coisas que medesagradam e eu sinceramente nem sei explicar muito bem porquê… há poucos dias estavainclusivamente a ter uma conversa desse género com o João Barreiros… e eu assim «óJoão, há coisas que eu nem sei explicar muito bem…», se me puser com o ouvido crítico euvou saber explicar, mas agora falando como ouvinte eu não te sei explicar…PO – Estética pura…Prof. P.C. – Estética pura, às vezes agrada-nos, porque sim. Portanto, é muito difícil…PO – Então não separe, faça como quiser, mas quero a sua avaliação…Prof. P.C. – Do ponto de vista teórico, eu tenho de falar de serviço público tendo emconsideração <strong>aqui</strong>lo que é a legislação que nós temos e o contrato de concessão. Portanto,não posso evitar abordar essa questão. E o grande problema no nosso país, quando se falade serviço público é a própria definição do que é o serviço público. Eu, como ouvinte,posso entender que… muito bem… o serviço público diz que é isto, eu acho que eles nãoestão a cumprir. Mas depois, do ponto de vista académico, vamos lá ver se cumpre ounão… efectivamente até cumpre, mas se calhar podia fazer muito mais. Mas fazer o quê?Não sei, porque a lei também não diz e o contrato também é omisso. E portanto, há <strong>aqui</strong>uma espécie de vazio que dá margem de manobra a quem está a gerir o serviço público,acaba por ser um escudo, ou seja, não pode ser acusado de não cumprir as directrizesrelativas ao serviço público mas, do ponto de vista teórico, se calhar até podia fazer muitomais ou mais bem feito com os recursos que tem. E portanto, é muito difícil falar sobre isto.Eu tenho 2 trabalhos relativamente recentes, um sobre a Antena 1, outro sobre a Antena 3,que focam exactamente a problemática do serviço público. O objectivo dos alunos emquestão, era primeiro, no caso da Antena 3, que é mais antigo, «mas a Antena 3 comoserviço público… Professor eu acho que não…», «Faça um estudo e veja…». Então, muitobem, a parte conceptual é toda relativa ao que é o serviço público, o que deve ser o serviçopúblico, o serviço público nos vários países, o serviço público em Portugal, análise dalegislação, análise do contrato de concessão, estudo de caso. Resultado: a lei não defineconcretamente o que é o serviço público. Então, afinal, a Antena 3 cumpre ou não cumpre?Até cumpre, porque não está bem definido. Estudo de caso da Antena 1, exactamente omesmo tipo de conceptualização, o mesmo tipo de análise à legislação, contrato de138
concessão, vamos ver… cumpre ou não cumpre? Bom, efectivamente, há <strong>aqui</strong>… não é umvazio legal, não há um vazio legal, mas há uma indefinição, não se explica exactamente oque é que se entende por serviço público, nem se explica exactamente o que é que sepretende que estações como a Antena 1, a Antena 2 e a Antena 3 façam concretamente, foratodos os outros canais que, regra geral, nem sequer são considerados, mas que fazem partetambém do serviço público. Vai às minorias? Vai, mas não vai a todas. Actualizaçãotecnológica? Sim.PO – Mas há zonas onde não se houve…Prof. P.C. – Mas há zonas onde não se houve. Depois tem uma outra dimensão de caráctertecnológico, que tem a ver com a actualização, é estar… ao fim e ao cabo, ter sempre osequipamentos mais inovadores e utilizar os métodos mais desenvolvidos do ponto de vistatecnológico. É muito relativo, é muito relativo… eu não vou entrar em pormenores, mas«off the record» eu posso contar-lhe 2 ou 3 resultados dos estudos que foram <strong>aqui</strong>desenvolvidos. E portanto, há <strong>aqui</strong> um problema que tem a ver com a legislação, portantotodo o enquadramento legal, os recursos técnicos disponíveis e acima de tudo os recursoshumanos, porque a reconversão dos recursos humanos e a motivação dos recursos humanosé sempre o aspecto mais difícil.PO – Paula, é assim: eu tenho para mim e queria ser rectificado nisto ou não, quetendencialmente o serviço público de radiodifusão, deve caminhar para se tornar uma rádiode referência, que todas as outras tenham a rádio serviço público como exemplar: exemplarna programação, na informação, na qualidade dos seus profissionais, no uso da língua, etc..Este desiderato é absurdo?Prof. P.C. – Não, pelo contrário. Temos o exemplo da BBC, não é? Mas eu não sei sePortugal e Inglaterra podem ser comparados. Dou-lhe um exemplo, que não temabsolutamente nada a ver com serviço público, mas o Mário vai perceber. Eu, o anopassado, fiz um estudo exploratório para um projecto que estou actualmente a coordenar,que é um projecto europeu sobre a relação entre diferentes gerações e os media online. Esseestudo exploratório procurou aferir a relação entre diferentes gerações, os «babyboomers»,a «geração x» e a «geração y» com a rádio, a música, bem como as redes sociais naInternet. Principal conclusão: grandes discrepâncias entre Portugal e o resto da Europa,sendo que neste estudo exploratório, o resto da Europa, podemos dizer que eraessencialmente Inglaterra, porque foi o país que teve mais respondentes. Qual era a grandediferença entre os portugueses e os ingleses? Os portugueses descarregam música de formailegal, os ingleses compram música online. Está a perceber aonde eu quero chegar?PO – Muito bem…Prof. P.C. – Temos <strong>aqui</strong> aspectos culturais, aspectos financeiros, aspectos de regulação,que têm de ser considerados quando pensamos… «ah… a BBC é um exemplo». A BBC é139
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