LB – Exactamente. Porque se nós olharmos para a programação informativa no seu todo eagora <strong>aqui</strong> vou falar, não com conhecimento ao nível do estudo que efectuei, mas enquantoouvinte, nós encontramos, por exemplo, na Antena 1 coisas em termos informativos,programas, espaços, que eu não vejo ou não ouço, neste caso, nas outras rádios. Estou-me alembrar por exemplo, de um noticiário com informação local e regional, que eu acho que éextremamente importante a nível diário, não é...PO – Mas também são as potencialidades que o serviço público tem…LB – Justamente. E eu julgo que esse é um dado extremamente importante e que deve sersublinhado do meu ponto de vista…PO – E aproveitado…LB – E aproveitado e potenciado…PO – E potenciado… justamente. Na perspectiva do Luís Bonixe e um pouco nesta visãoprospetiva, o que é que lhe parece que pode ser no futuro a informação distintiva do serviçopúblico, relativamente às outras rádios? Já o indiciou, mas pedia-lhe para ser tão concretoquanto possível.LB – Eu julgo que a questão do pluralismo é extremamente importante e é… e deve servisto este conceito não apenas numa perspectiva de pluralismo político, ou seja, váriospartidos políticos, mas um pluralismo que vá para além disso, ou seja, olhara para asociedade e retirar daí as várias correntes, as várias perspectivas, as várias opiniões queexistem na sociedade…PO – Minoritárias que sejam…LB – Minoritárias e é aí justamente que eu quero chegar, porque… também se quisermosnão estou a dizer nada de novo porque isso está lá no contrato de concessão por exemplo,não é? Portanto, é preciso olhar também para isso, não é? Se nós pensarmos que, de umaforma mais generalizada, todos os Media têm esta missão ou deveriam ter, o serviçopúblico, por via da concessão que tem, tem esta obrigação de o fazer de uma forma muitomais sublinhada, muito mais relevante. Aproveitando e já que me coloca a questão numaperspectiva de futuro, eu julgo que o serviço público tem que aproveitar as novastecnologias e tem que aproveitar a Internet, não é? A rádio tem um problema, a rádiotoda… não tem muito tempo, tem 24 horas, não é? Nós não podemos acrescentar umsuplemento, como fazemos nos jornais, não é? Mas a Internet pode servir para criar espaçoscom conteúdos alternativos que, eventualmente, não passam na rádio e podem sertransferidos também para a Internet, quando a Internet se assumir (vai-se assumindo aospoucos…), mas se assumir verdadeiramente como mais um canal de serviço público,porque é importante perceber isso. Serviço público, do meu ponto de vista, hoje já não podeser visto apenas com… apenas numa plataforma, portanto é multi-plataforma, não é? E152
portanto a Internet tem <strong>aqui</strong> um papel fundamental. A Antena 1 chegou a fazer isso, porexemplo, quando emitia… fez algumas experiências a esse nível e até foi interessante eagora, provavelmente, algumas pessoas vão achar que não teve interesse nenhum peloexemplo que vou dar… que teve a ver com os relatos de futebol, não é? Os relatos defutebol são uma coisa muito polémica no serviço público… é aí que eu quero chegar…PO – Então não é?LB – Mas havia aqueles jogos de futebol que não tinham, digamos assim, um númerosuficiente de ouvintes na rádio tradicional e então foram emitidos via Internet e portanto,quem era adepto dos respectivos clubes… depois ouviu só ali… e <strong>aqui</strong> está um bomexemplo que pode ser alargado também a outros conteúdos e é desejável até que o faça, nãoé? Portanto aí está uma forma, do meu ponto de vista, que pode fazer a diferença nainformação.PO – A última parte da nossa conversa: eu queria perguntar ao Luís Bonixe se existealguma estratégia relativamente aos seus alunos, em Portalegre, para lhes chamar a atençãopara o Media Rádio. Há alguma estratégia para lhes chamar a atenção para o fenómeno e ostornar ouvintes diferentes?LB – A minha experiência é muito engraçada… é muito engraçada com os alunos, pelomenos aqueles que passam lá. Julgo que a maior parte dos professores fará este tipo deconversa no início… «o que é que gosta mais, o que é que quer?» e tudo mais… não sei…ali uma percentagem muito reduzida de alunos prefere Rádio, muito reduzida… no iníciodo ano. Depois há que mostrar o que é a Rádio, portanto, descodificá-la, fragmentá-la nasmensagens e o que é curioso é que no final, eles têm que fazer um estágio, e muitos alunos,que inicialmente não gostavam de Rádio ou gostavam apenas porque ouviam, vão fazerestágios em Rádio… isto é altamente gratificante, obviamente, porque é sinal que amensagem passou, mas é sinal sobretudo que eles perceberam o que é a Rádio, o que eulhes costumo dizer é que «vocês podem não gostar de Rádio, mas pelo menos percebamporque é que não gostam». E muitas da vezes eles não percebem porque é que não gostamde Rádio ou porque é poderiam gostar mesmo de Rádio, não é? Então há que perceber quea Rádio, a rádio… agora estou-me a referir <strong>aqui</strong> à Rádio tradicional, sem Internet, portanto,som, tem um universo tremendo para mostrar às pessoas e para ser conhecido e a maiorparte das pessoas não conhece de facto isso, o que é normal, porque a escuta radiofónicatambém a isso proporciona, não é? Nós ouvimos, ao mesmo tempo, fazemos uma série deoutras tarefas e portanto, estamos concentrados noutras coisas. Mas se pararmos parapensar na Rádio e na falta que ela nos faz quando não a temos, vamos ter uma perspectivacompletamente diferente do que é a Rádio. E portanto, a estratégia… a estratégia, se quiser,é um pouco esta, não é? Começar por lhes perguntar porque é que… qual é oposicionamento deles perante a Rádio, não é? E se vocês um dia fossem jornalistas derádio? «Ah não… jornalistas de rádio nem pensar nisso… o que eu quero é televisão e tudo153
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