Anexo IIITranscrição integral da Entrevista de Mário Figueiredo (PO)à Professora Doutora Paula Cordeiro (PC)Provedor – Eu não sei o que é que vou aproveitar da nossa conversa, mas de qualquerforma quero começar por saber como é que tudo começou, como começou a rádio para aPaula Cordeiro?Paula Cordeiro – Sim, já contei essa história porque há algum tempo atrás o Pedro RoloDuarte entrevistou-me por causa do meu blog, no programa dele, e eu contei exactamenteisso e a rádio começou de uma forma muito natural porque em minha casa sempre se ouviurádio e eu lembro-me de ser miúda e ouvir uma coisa que eu odiava na altura que era «OsParodiantes» e a minha mãe ouvia <strong>aqui</strong>lo à hora de almoço e eu chegava a casa da escola etinha de ouvir <strong>aqui</strong>lo e, portanto, ficou, marcou-me para sempre e paralelamente a isso, eutenho um irmão mais velho que é, digamos, um melómano, adora música e sempre ouviumuita música e eu lembro-me de ter 11 anos e as miúdas… 11/12 anos… andavam todasdoidas com o Rick Astley e eu na altura ouvia Pink Floyd e Supertramp, portanto, a rádiocomeçou por aí… a rádio começou…PO – No meio tradicional, numa telefonia…Prof. P.C. – Sim, começou exactamente por aí. Mais tarde, eu anunciei às minhas amigasque ia trabalhar naquela estação de rádio e aquela estação de rádio, na altura, era a RádioMarginal, há muitos anos atrás, quando era a Rádio Rock, nós à tarde ouvíamos umprograma que era a «Rua Direita» e ouvíamos o «Hotel Califórnia», enfim, ouvíamos todosos programas e mais alguns, e eu anunciei um dia «eu vou trabalhar nesta rádio…» e elas«riram-se a bandeiras despregadas.... tipo ahahahah… claro… nós também». Dois anosdepois estava lá a trabalhar e portanto tudo começou assim. Fui lá, através de um grandeamigo fiquei a saber que eles até precisavam de uma pessoa, fui lá bater à porta com ele, eleapresentou-me o, na altura, proprietário da rádio, falei com ele, no dia a seguir estava atrabalhar, 3 meses depois estava a fazer os noticiários da manhã, não era jornalismo que euqueria, já tinha percebido isso, porque já tinha estagiado num jornal, já tinha escritoalgumas coisas e percebi que não era exactamente por ali mas que era para uma áreapróxima. Então lá fiz o frete de fazer os noticiários e de estar a fazer jornalismo durante umtempo porque tinha mesmo de ser e foi bom porque aprendi muita coisa, mas depois passeipara a animação, que era o que eu queria, queria fazer locução e fiz… e quando saí da134
Marginal estava a fazer o programa da manhã, portanto acabei por sair… por questões umbocado parvas da juventude, porque já estava licenciada, queria experimentar outras coisas,pagavam-me mal e depois contratavam outras pessoas a pagar-lhes bem, o projecto,entretanto mudou, porque surge a Rádio Comercial/Rádio Rock, a Marginal não podiacontinuar como rádio rock, passou a ser uma rádio tão alternativa que ninguém conseguiaentender o que era <strong>aqui</strong>lo e portanto houve ali uma fase também de grande desilusão, aequipa desmembrou-se, foi muito confuso… e eu fui experimentar outras coisas, passeipara a área concorrente, passei para a área de Marketing, fui para Relações Públicas daEuropa América, aquela coisa antiquíssima… como calcula… «senti-me lá muito bem,adorei… ahahah» e ao fim de uns meses estava fora porque <strong>aqui</strong>lo não tinha nada a vercomigo, pelo meio tinha colaborado com algumas editoras de música, a fazer algumascoisas, enfim, tive sempre ligada à música e à rádio e depois decidi experimentar o outrolado que também me agradava e que era o Ensino, porque tinha ajudado a orientarestagiários na Marginal e tinha percebido que gostava de ensinar as pessoas e experimentei,comecei numa Escola Secundária, fiz logo uma revolução, criei logo uma Rádio-Escola,que ainda hoje existe… e daí passei para a Universidade, convidaram-me para ir para aUniversidade do Algarve e experimentei… foi óptimo, mais uma vez, como em tudo naminha vida, foi a rádio que me abriu as portas, era por ter experiência de rádio, foi por issoque me aceitaram, fiquei a ensinar Jornalismo Radiofónico, Teoria da Rádio e portanto, daíem diante, foi uma evolução natural. Eu, na altura, já estava a fazer o Mestrado, andei umano a pensar no que é que iria fazer para tese, o que é que eu vou fazer, o que é que eu voufazer… queria fazer assim alguma coisa…PO – Ainda no Mestrado ou já de Doutoramento…?P.C. – Não… de Mestrado. Andei a pensar assim numa coisa altamente filosófica e tal…porque eu estava na Nova, uma coisa muito filosófica… o que é que eu hei-de fazer, o queé que eu hei-de fazer… até que de repente enfim caí em mim, mas porque é que eu não façosobre rádio, pois se é isso que eu gosto, se é isso que eu sei? Portanto, foi muito fácil apartir daí, as coisas decorreram com a maior das naturalidades, porque eu estava em casa ecomo tal foi mais fácil.PO – E o Doutoramento?P.C. – O Doutoramento surgiu também naturalmente, ou seja, no dia em que eu acabei atese, que eu defendi a tese do Mestrado, fui à secretaria buscar o certificado, entregar aspapeladas e buscar outras papeladas que eram precisas… «então agora vai para odoutoramento…», com aqueles sorrisos típicos… «não, agora não… calma… bolas, acabeiagora… não consigo, isto é demais…», «mas olhe se fosse a si não perdia muito tempo, éque as propinas vão aumentar…», na altura eram 80 contos e iam passar a ser 800 contos…é tudo uma questão de zeros… «bom… sendo assim, se calhar vou apresentar umprojecto…», «olhe, apresente… apresente o quanto antes, porque isso já está lá em135
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