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IlIARI())A CAMARA »()S» - Câmara dos Deputados

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09648 Quinta-feira 9 DIÁRIO DA cÂMARA DOS DEPUTADOS Abril de 1998Tal perspectiva surge do projeto de legalização<strong>dos</strong> cassinos - e, de quebra, do jogo do bicho - oraem tramitação no Congresso. Já passou pela Câmara,quase sem chamar a atenção. Passou pela Comissãode Justiça do Senado. Agora está na Comissãode Economia, e em seguida só lhe restará o plenário.Não fosse o senador José Serra, que, comoPresidente da Comissão de Economia, até à vésperade virar Ministro da Saúde, passou a dar entrevistase publicar artigos contra o projeto, e ele continuarianuma caminhada convenientemente discreta porbaixo do pano. Um dia poderíamos acordar com oscassinos à nossa porta.Deixemos de lado os argumentos morais, complica<strong>dos</strong> e subjetivos. Fixemo-nos, para começar, natecla em que Serra vinha batendo - a econômica.Um brasileiro radicado nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, o economistaRicardo Gazel, que já trabalhou na Universidadede Nevada - bem ao lado <strong>dos</strong> cassinos de LasVegas - tem pesquisado o assunto, com colegasamericanos como William Thompson e Dan RickmanoSuas conclusões são de que os custos que ojogo provoca não compensam os benefícios. Os defensores<strong>dos</strong> cassinos argumentam que eles trazemriqueza para as áreas onde se estabelecem, criamempregos e, com os impostos, reforçam o caixa doestado. Os estu<strong>dos</strong> de Gazel e companheiros, muitoatuais nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, onde, a partir de 1990,mais de duas dezenas de esta<strong>dos</strong> passaram a permitircassinos, rompendo o monopólio de Nevada eNova Jersey, indicam que esses benefícios são menoresdo que os custos.A primeira ordem de custos trazida pelo jogo éa social. Jogo faz aumentar desde a abstinência aotrabalho até os delitos, passando pelos problemasde saúde. Segundo os estu<strong>dos</strong> do economista brasileiro,se na população em geral o número de jogadorescompulsivos não passa de 1% do total, nasáreas expostas à influência <strong>dos</strong> cassinos pode chegara 5%. Jogador compulsivo, aquele que não sabee não pode parar, é uma pessoa mais inclinada doque outras a faltar ao trabalho, pedir emprestado enão pagar ou mesmo furtar e praticar atos de violência.Pesquisas de Gazel em áreas do Estado doWisconsin onde foram implanta<strong>dos</strong> cassinos revelamum aumento de 6,7% de crimes graves - assassinatos,estupros, assaltos a mão armada:Os custos sociais, englobando setores comosegurança e assistência médica, além <strong>dos</strong> aparelhosjudiciário e penitenciário, recaem sobre o estado.Uma segunda ordem de custos vai para o mercado- aquele inerente ao efeito canibalizador <strong>dos</strong> cassinossobre outras atividades econômicas. Em AtlanticCity, Nova Jersey, onde o jogo foi legalizado em1978, 50% <strong>dos</strong> restaurantes haviam desaperecidodez anos depois. Foram venci<strong>dos</strong> pela comida degraça servida nos cassinos. Quem gasta no jogo deixade gastar em outras áreas. Conclui outro estudode Gazel e companheiros, também realizado no Wisconsin:"O efeito de canibalização de outros negóciosestá presente especialmente no setor de gênerosalimentícios e no comércio varejista".Mas suponhamos que essas conclusões estejamequivocadas, ou que no Brasil não e repitam.Suponhamos que, aqui, os cassinos gerem mais benefíciosdo que prejuízos, sob o ponto de vista econômico.Ainda assim, sobra uma outra classe de argumentoscontra o jo~o. É nesse ponto que entra obiotipo Sérgio Naya. E quando se pensa na questãosob o seguinte ângulo: que país queremos? Queremosum país de empresários gênero Sérgio Naya?Como estamos no terreno da especulação, é atépossível que o jogo venha a ser operado por umaclasse empresarial séria e conseqüente, mas sejamosrealistas: por tudo o que sabemos, do país e daatividade econômica em tela, o provável é que osempresários do setor venham a ser mais pareci<strong>dos</strong>com Sérgio Naya.Que empregos queremos? Esta é outra face daquestão "que país queremos". É até possível, já quecontinuamos especulando, que os cassinos venhama oferecer um ambiente, não santo quanto um convento,mas, digamos, neutro como o de um shoppingcenter. O realismo sugere, no entanto, que osempregos estarão perigosamente perto do perigo ­o perigo do tráfico, da lavagem de dinheiro, da prostituição.É esse o país que queremos? Fala-se emcassinos, e a alguns talvez ocorra o glamour deMonte Carlo, as princesas de Mônaco incluídas. Dadasas nossas condições, no entanto, o provável éque fiquemos um pouco mais pareci<strong>dos</strong> do que jásomos com o Paraguai, onde a roleta rola livre, brilhao pano verde, e as condições econômicas e sociaissão o que são.JOGO E DEGRADAÇÃOReportagem publicada no domingo pela Folhasobre 16 das maiores casas de bingo da cidade deSão Paulo faz supor que, com uma exceção, todaselas iludem a boa-fé <strong>dos</strong> apostadores, sonegam impostose driblam a lei por ainda outras formas.Essas casas estariam divulgando um númerode cartelas vendidas menor do que as de fato comercializadas,fraudando a Receita e diminuindo ovalor do prêmio a que os jogadores teriam direito. AI-

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