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L'hipocrisie dans Dom Juan de Molière - Repositório Científico do ...

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Gago, Dora Nunes – Espelhos da pobreza e da exclusão social em Ferreira <strong>de</strong> Castro eMiguelTorga 99 - 114Os percursos individuais e as precárias condições <strong>de</strong> trabalho: a pobrezana outra esquinaEm Emigrantes, já no Brasil, ao viajar no comboio, Manuel da Bouçapresencia ainda miséria pior <strong>do</strong> que a sua ao vislumbrar, ao longo da via férrea,um acampamento <strong>de</strong> romenos, ludibria<strong>do</strong>s pelo sonho <strong>do</strong> El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>, “umpromíscuo e maltrapilho ban<strong>do</strong> <strong>de</strong> homens, mulheres e crianças. Dir-se-ia apopulação <strong>de</strong> um cemitério recém-ressuscitada”, imagem da miséria “gritan<strong>do</strong> <strong>do</strong>seu último <strong>de</strong>grau” (1980, 137).Precárias são igualmente as condições <strong>de</strong> vida <strong>do</strong>s outros imigrantesportugueses que encontra no Brasil, já inteiramente <strong>de</strong>siludi<strong>do</strong>s.Finalmente, o protagonista encontra trabalho no cafezal <strong>de</strong> Santa Efigénia,local on<strong>de</strong> os trabalha<strong>do</strong>res vivem em “casinhotos” também são explora<strong>do</strong>s e ossalários são miseráveis, em contraste com as fortunas que os patrões (como ocoronel Borba) se dão ao luxo <strong>de</strong> esbanjar no Rio <strong>de</strong> Janeiro ou em Paris. Estascondições <strong>de</strong> subserviência <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res encontram-se presentes noseguinte excerto:O feitor, olhar duro, boca cerrada, seguia <strong>de</strong> perto o esforço <strong>do</strong>s seushomens. Só um <strong>do</strong>s novos contrata<strong>do</strong>s o irritava, por se mostrar menos<strong>de</strong>stro. Os outros <strong>de</strong> tronco nu, escorren<strong>do</strong> suor, os músculos retesan<strong>do</strong>-secom os movimentos <strong>do</strong> macha<strong>do</strong>, corta, corta, cumpriam o seu <strong>de</strong>ver.(Castro,1980, 159).Após ter trabalha<strong>do</strong> arduamente no cafezal <strong>de</strong> Santa Efigénia, empéssimas condições e com um magro salário, e, posteriormente ter parti<strong>do</strong> para S.Paulo on<strong>de</strong> trabalhou como emprega<strong>do</strong> num armazém, sem que a sua vida tenhamelhora<strong>do</strong>, Manuel da Bouça consegue pagar a viagem <strong>de</strong> regresso com odinheiro obti<strong>do</strong> através da venda <strong>de</strong> um anel rouba<strong>do</strong> a um cadáver, tomba<strong>do</strong>,durante a Revolução <strong>de</strong> 1928, ocorrida nesta cida<strong>de</strong> e li<strong>de</strong>rada pelo generalIsi<strong>do</strong>ro Dias Lopes.Polissema – Revista <strong>de</strong> Letras <strong>do</strong> ISCAP – Vol. 12 -2012108

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